Wednesday, September 28, 2011

NAVARATRI,O CULTO DA DEVI

Hoje,28 de Setembro começa o Navaratri.
Navaratri é a festividade que celebra o culto á Devi, á mãe divina,ao aspecto feminino de Deus
A festividade simboliza a batalha da deusa contra as forças demoníacas e a sua vitória.
São nove dias de devoção direccionados á Devi, em suas diferentes manifestações.
Nos primeiros três dias os pujas e cantos devocionais são direccionados á Devi na sua forma de Durga ou Kali.
Parvati é a shakti de Shiva,que representa a destruição.Durga e Kali são aspectos de Parvati.
A Devi nesta forma destrói a ignorância,para que possa acontecer a transformação.
Dirigimos-lhe a nossa devoção para que possa com a sua compaixão  remover os obstâculos que nos vão aparecendo na senda,para que possam as nossas práticas ser produtivas e firmes.A sua invocação pode ser feita através do seguinte mantra:

OM SRI MAHA DURGAYA NAMAH

Os três dias seguintes são direccionados a Lakshmi
Lakshmi é a shakti de Vishnu,que representa a conservação,a preservação.
Dirigimos a nossa devoção a este aspecto da Devi pedindo-lhe uma vida prôspera que premita que o ensinamento e o conhecimento interior aconteçam.
Lakshmi representa a prosperidade, a riqueza interior e material.
Invocamo-la com o mantra:

OM SRI MAHA LAKSHMIAYA NAMAH

Já nos três dias seguintes a nossa devoção é dirigida á Devi na sua manifestação como Saraswati.
Saraswati é a shakti de Brahma,que representa a criação.
Saraswati é a deusa da sabedoria.Pedimos-lhe então que possamos ser abençoados com ela para que os grilhões do ego possam ser soltos.Para que as qualidades satvicas possam ser cultivadas no nosso ser,conduzindo-nos ao conhecimento que nos liberta.
A sua invocação é feita através do mantra:

OM AIM SARASWATIAYA NAMAH

No décimo dia o demónio foi derrotado,Vijaya Dasami (dia da vitória).
Existe um paralelismo entre este momento auspicioso e culminante do festival com as lutas que protagonizamos com os nossos próprios demónios internos e a vitória sobre eles.
Vijaya Dasami é o indicador de que a realização é garantida a todo o ser que almejando a libertação se dispôem a, sem tréguas, destruir a ignorância na qual a humanidade se afunda.
                        
                                                           OM TAT SAT

Thursday, September 22, 2011

AHIMSA,A CULTURA DA PAZ

 



Ahimsa (não violência)


"Ahimsasapratisthayam tatsannidhau vairatyagah"(quando se está firmemente estabelecido no principio da não violência,ahimsa,todos os seres á nossa volta deixam de sentir hostilidade) "yogasutras,capitulo II,versiculo 35".
Ahimsa é o primeiro yama (yamas e nyamas são condutas morais de ética e auto superação),que Patanjali prescreve nos Sutras do yoga."
É uma das principais virtudes da cultura hindú,sendo transversal a todas as escolas filosóficas indianas.Alías ahimsa premeia,de uma ou outra forma,todas as grandes religiões do Mundo.
Gandhi,Mahavira,Buda,Jesus Cristo,assim como tantos outros personagens conhecidos ou anónimos,pregaram e viveram de acordo com este princípio de amor incondicional.
Talvez Gandhi seja o exemplo mais documentado do poder que têm ahimsa.
Na voz de Churchill,um faquir meio nú enfrenta e derrota, todo o imperialismo Británico.O que Winston C. não precebeu é que todo o imperialismo Británico não estava a enfrentar um faquir meio nú,estava sim a ser envolvido pela força mais poderosa do cosmos,a não violência,o amor incondicional,da qual Gandhi era simplesmente um canal.
Mas novamente a humanidade esqueçeu a lição,fizeram-se uns selos de Gandhi,e arrumou-se na gaveta das "personagens históricas do milénio"ou em qualquer um desses compartimentos que nós humanos utilizamos quando é mais fácil esquecer do que realizar.
E,aqui estamos novamente,mais agressivos,desorientados,escravizados por todo um sistema que incentiva desde a escola primária a competição desenfreada, o que se traduz por agressividade desmedida para com tudo e todos á nossa volta.
A todo o instante,na sociedade que criámos,que escolhemos para viver,somos bombardeados por violência,seja ela visual,sonora,auditiva,táctil ou olfactiva,e, se os sentidos são o alimento da mente,evidentemente o nosso modo de estar na e perante a vida, é violento.
Ahimsa,a cultura da paz, é a pequena solução para um grande problema.
A velha máxima "para grandes problemas,grandes soluções" é equivalente,neste sentido,ao famoso "olho por olho,dente por dente";máxima elegantemente comentada por Gandhi,através de uma das suas mais célebres frases"olho por olho conduz o Mundo á cegueira",que o tempo/história se encarregou de credibilizar,caso contrário não estariamos onde estamos,a escrever este tipo de artigos.
Estes não são tempos de grandes elaborações,são tempos de síntese,de soluções simples,eficazmente comprovadas pelo tempo/história.
Estamos a assistir a uma crise de valores,de falta de espiritualidade por um lado,e ao nascimento da verdadeira espiritualidade,por outro lado.Já não é o famosa frase popularizada pelo movimento hippie no passado "let us give a chance to peace"que transporta a essência da mudança,chegamos a um ponto que terá de ser "let peace give a chance to us".É a hora,o local e o tempo de o homem histórico entrar no futuro, através da síntese da experiência do passado,deixando ficar na velha terra o que não mais têm utilidade.
Isto faz-se no presente,com lucidez,com simplicidade e sem violência.
Ahimsa é um conceito tão simples de aplicar na nossa vida diária, mas que traz transformações tão radicais, que chega a ser desconcertante.
Desconcertante pela sua simplicidade,no entanto requer grandes resoluções de nossa parte.Fortes medidas têm de ser tomadas; a motivação correta,objectivo e objectividade,determinação e uma visão alargada (côsmica) do ser e do mundo,são as fundações para que a não-violência se estabeleça correctamente .Ou seja é necessário formular toda uma metodologia de auto-transformação,para que este simples conceito se estabeleça na nossa vida, e consequentemente em nosso redor.
A partir do momento que ahimsa esteja devidamente implantada no teu ser vai-se desmultiplicando virulosamente ao teu redor,pelo ambiente,pelas pessoas que te rodeiam,e o círculo vai alargando,inclusivé rectroativamente,pois colhemos aquilo que plantamos,quer a nivél individual quer a nível social,ambiental etc.
Satish Kumar,um indiano radicado na Inglaterra é conhecido de muitas formas,mas define-se antes de tudo mais como um peregrino do Mundo,um ativista do amor,da não violência.
Ahimsa é um dos valores fundamentais das ordens monasticas jainas,um dos darshans(pontos de vista)do hinduismo heterodoxo,nas quais Satish foi monge.
É dele o texto abaixo,que optei por não traduzir no sentido de não se perderem as sutis nuances da língua, que invariavelmente uma tradução compromete.

Mahavir said that nonviolence must begin in the mind. Unless the mind is compassionate, nonviolence is not possible. Unless one is at ease in the inner world, one cannot practise nonviolence in the external world. If the mind is condemning other people yet the tongue speaks sweet words, then that is not nonviolence. The seeds of nonviolence live within the inner consciousness. Keeping consciousness pure is therefore an essential part of Jain nonviolence. Pure consciousness means consciousness that is uncorrupted, uncontaminated and undiluted with the desire to control others.

Why are we violent? Jains would answer that it is because people wish to control others. People say: “We own everything here. This world is for our benefit.” Those who eat meat say: “Animals and fish are there for our food.” Everything is for us and we are the masters of nature. This is the violence of the mind, which leads to physical violence.

Mahavir saw the world as a sacred place. The birds, the flowers, the butterflies and the trees are sacred; rivers, soil and oceans are sacred. Life as a whole is sacred. All our interactions with other people and with the natural world must be based on this sacred trust, on deep reverence for all life. Nonviolence of the mind should be translated into nonviolence of speech.

Harmful, harsh, untrue, unnecessary, unpleasant and offensive speech is violence. Skilful use of language is a sacred skill. Mahavir insisted that we must understand others fully before we speak. Language can express only partial truth; therefore nonviolence is an essential guide to our spoken words. In this context Mahavir put a very high value on silence. A Jain monk is called muni, which means ’the silent one’.

Nonviolence of mind and speech leads to the nonviolence of action. Ends cannot justify means. Means must be compatible with ends. Therefore, all human actions must be friendly, compassionate and unaggressive. Do no harm. No ifs and no buts. No compromise. Mahavir’s nonviolence is unconditional love to all beings.

Thus nonviolence is the paramount principle of the Jains. All other principles stem from nonviolence. Nonviolence is first and last. Because all life is sacred we may not violate or take advantage of those life forms which may be weaker than ourselves. Ahimsa is much more than “Live and let live”: it is “Live and love.”

                                                                                       OM TAT SAT

Sunday, September 18, 2011

GOTAS DE UMA FONTE.....




-Os animais são o melhor exemplo que temos disponível, em nosso redor,de um avatar.
Sem polícia,políticos,religião,constituição etc,etc,vivem em plena harmonia com a lei da existência,a lei da natureza.
Também nós os homens temos de aprender a viver em harmonia conosco,com os outros e consequentemente com a natureza.

-Se continuarmos a ver inimigos,e continuarmos a deixar que sejamos invadidos por pensamentos negativos,então todos os nossos conhecimentos,todos os nossos estudos e práticas só nos trarão confusão,sofrimento e infelicidade.
O fundamento da prática que leva a auto-realização no absoluto é o amor.

-Quando mergulhamos na profundidade do ser deixamos de ter medo da morte,consequentemente deixamos de ter medo da vida.

-Purificação significa contrariarmos e arrancarmos todas as raizes (samskaras) das perturbações causadas pela ignorância (avidya).Os yamas e nyamas são uma ferramenta poderosa para tal.

-Um rio dá-nos a prefeita dimensão do que é o verdadeiro poder.Se forem mandadas tochas de fogo ao rio, assim que tocam na água apagam-se,mas o rio nada faz para impedir que lhe sejam atiradas essas tochas.
Assim como o rio, gentil e suave mas com força e determinação é o caminho do yogue.

-Quando utilizamos algum ser vivo de uma forma abusiva,estamos em contradição com os mais básicos valores ético/morais.
Como é possivél revindicarmos alto e a bom som certos direitos para nós e agirmos exatamente ao contrário em relação aos outros?Somente a ignorância em relação a verdadeira natureza do ser pode justificar tal atitude.

-Toda a gente fala de paz,de não violência,ahimsa,mas não é possivél obter paz no exterior,enquanto não a encontrarmos,primeiro,dentro de nós.
A paz do mundo só é possível passando pela paz de espírito,e esta, pela tomada de consciência de que os seres humanos são membros de uma única e mesma família.Esta universalidade é alcançada pelo yoga..É através do yoga que a paz,a verdadeira paz,a paz galâtica, vai envolver o mundo.

-Não deveriamos agir ou reagir contra alguém mas sim contra uma emoção ou um comportamento.
Não temos de tolerar o mal que nos fazem a nós ou a outro,este deve ser combatido,mas não o seu autor.A este devem ser fornecidos os meios para combater avidya,a ignorância.

-Aquele que se deixa apanhar na armadilha dos desejos é como uma pessoa com sede a beber água do mar;quanto mais bebe mais sede têm.

-A nossa conduta é maioritariamente artificial porque somos prisioneiros da imagem que queremos passar aos outros.É uma conduta que se assenta na ignorância,avidya,da universalidade da vida.

-A nossa conduta deve estar assente numa unidade.Devemos ter a coragem de fazer coincidir o nosso pensamento com a fala e com os actos.Todavia, devemos verificar a utilidade de toda essa acção.

-É essencial que o ensinamento e a prática não se restringam aos livros ou a yogashala (sala de prática),mas que se funda íntimamente com a vida de todos os dias.

-Temos de ter certezas quanto a senda que escolhemos trilhar;se corresponde as minhas aspirações,se têm ressonância com a minha forma de estar perante as situações.Não estejamos a espera de adquirir siddhis (poderes) para voarmos pelos céus,atravessar a matéria,ou conhecer o passado ou futuro.
O  objectivo das práticas yogues é o de adquirir mestria que nos leve a libertação.
O objectivo do ensinamento é o de remover avidya,a ignorância,e o objectivo ultimo é moksha,a libertação.
Cuidado com o que desejas porque se pode efetivamente concretizar.


-O ensinamento e a prática devem caminhar lado a lado.

-A nossa universalidade e consequente responsabilidade universal, têm de ser desenvolvidas.
O planeta está a agonizar.Guerra nuclear,poluição atomosférica,poluicão oceânica etc,etc,etc,são realidades que estão a passos largos a conduzir a espécie humana á extincão,ao suicídio.
Para preservar toda a existência da humanidade,temos de nos lançar ao trabalho sem mais delongas;trabalhando individualmente,pensando no bem estar comum.
Pensa globalmente e age localmente,ou melhor,pensa côsmicamente e age mundialmente, no local onde te encontras.


                                                                OM TAT SAT





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Thursday, September 1, 2011

DO YOUR PRACTICE,AND ALL IS COMING

Sri K. Pattabhi Jois escreveu este artigo que encontrei publicado no site do centro de estudos de yoga narayana.
Ashtanga yoga vinyasa,método criado pelo falecido Pattabhi Jois, faz parte do meu sádhaná diário,e nesse sentido achei este texto uma delícia.O ashtanga yoga vinyasa é bastante criticado por dar exessivo ênfase aos asanas, em prol dos restantes angas enunciados pelo sábio Patanjali nos yoga sutras.
Talvez os juízos de valor surjam pelo facto de os críticos nunca terem exprimentado a prática.(diga-se de passagem que exprimentar não é praticar uma vez,mas o tempo suficiente para sentir os seus efeitos)
 Baseando-se nas aparências e nas suas próprias práticas,emitem as suas opiniões,contrariando em toda a extensão o espírito essencialmente prático e exprimental que caracteriza o yoga.
Em relação a mim,porque só por mim posso falar,toda a prática do ashtanga vinyasa me vai levando gradualmente a um estado de felicidade e bem estar indescritivél, que transcende largamente o momento da prática,predurando pelo resto do dia. 
Desde o momento que piso o tapete,alinhando o corpo(por vezes ainda bem dorido,levando-me invariavelmente a pensar nos conceitos de abhyasa e vayragya,e a recorrer a eles para continuar),encontrando a respiração(ujjay pranayama é o que vulgarmente se chama ao pranayama que se faz durante a prática,mas não é ujjay,aliás como o próprio Jois explicava)para começar o "bailado fluido"que são os suryas A e B, que vou entrando progressivamente em estados,cada vez mais profundos,de Prathiara,Dharana e Dhyana.
Toda a estrutura da prática me vai conduzindo a estes estados de profunda entrega e comunhão,seja pelo pranayama,seja pelos bandhas(selos) ou pelos pontos de foco de atenção,os drishtis.
Não raramente me veêm duas frases de sri K.P.Jois :"pratice, pratice and all is coming" e "i just teach Patanjali´s yoga",sendo, que se a primeira carece de uma atenção mais cuidada devido as armadilhas que pode eventualmente encerrar,a segunda está plenamente contextualizada por esta pérola de texto que encontrei na net.
Deliciem-se então com as palavras de K.P.Jois.



                                                         ĀSANAS E PRĀṆĀYĀMAS:
                                     UMA PARTE INTEGRAL DO AṢṬĀṄGA YOGA

Todo ser humano tem necessidade de conhecer Yoga nesta era de ciência e tecnologia. O homem de hoje está envolvido na roda de um mundo mecânico. Ele está perseguindo o pássaro de ouro dos benefícios das criações da ciência, mas está impedindo a sí mesmo de obter a prosperidade. Os antigos Ṛṣis da Índia descobriram, após intenso esforço, que a verdadeira felicidade está mais em alcançar o conhecimento espiritual do que a felicidade material. O meio de se conseguir a felicidade espiritual é o Yoga. Os antigos Ṛṣis experimentaram o espírito do yoga. Eles transmitiram suas experiências as gerações posteriores para o beneficio da humanidade, através de trabalhos escritos e ensinamentos orais. Estes ensinamentos foram repetidos a cada geração e estabeleceu-se a saudável tradição dos Gurus.

O resultado da transmissão deste ensinamento é o
Aṣṭāṅga Yoga. Aquele que segue este sistema gozará a vida e se beneficiará de uma maior felicidade.

O que é Yoga? Para quem serve? A mente, por natureza, é muito oscilante. Yoga é a arte e a ciência de dominar esta mente oscilante e dirigi-la para sua verdadeira fonte.
Patañjali Mahaṛṣi assim diz: “Yoga citta vṛtti nirodhadh”. Isto é necessário a todos os seres humanos, sem levar em conta sexo ou idade. Quando a mente humana é pura e clara, a alegria da felicidade material torna-se mais significativa. Yoga ajuda-nos a libertar nossas mentes de todas as agitações. A mente é a causadora de toda a tristeza e felicidade humanas. É por esta razão que os sábios disseram: “Mana Eva manusyānām karānam bandha mokṣāyo”.

A mente oscilante é comparada ao movimento do mercúrio. Se for controlada e canalizada para sua origem através de práticas de
Āsana e Prāṇāyāma, é possível se experimentar a natureza do verdadeiro eu. Isto, em outras palavras, chama-se, salvação. A mente agitada e oscilante satisfaz prazeres materiais e, conseqüentemente, torna-se escravizada.

Escravidão significa infelicidade. Uma indulgência excessiva para com a felicidade material, que nada mais é que a felicidade dos sentidos, portanto, ilusória, temporária e não satisfaz. Qualquer excesso de indulgência dos sentidos resultará em enfermidade e maior infelicidade. Manter o corpo, a mente, o intelecto e os sentidos puros e fortes é a essência do
Aṣṭāṅga Yoga.

É uma pré-condição, manter o corpo, a mente e os sentidos fortes para experimentar a felicidade da benção espiritual.
Nayamātma balahsenena labhyah”. O indivíduo consegue a força do corpo, mente e sentidos, através de Āsana e Prāṇāyāma. Citando Patañjali: “Āsana jayat dvaṁdva anabhigatah”, diz que o praticante de Āsana e Prāṇāyāma terá um controle melhor sobre o frio, calor, felicidade e infelicidade. Yogi Yājñavalkya tem opinião semelhante: “Tritiya kalastho havi s vayam saṁhṛta e prabham Tritiya sthitoyogi vikāra, mānasam tathā”. Assim como o sol da tarde torna o mundo feliz, radiando os raios frescos e agradáveis, aqueles que praticam meticulosamente o terceiro estágio do Aṣṭāṅga Yoga ficarão livres de distúrbios mentais e físicos. Na ordem de yama, niyama, āsana, etc., Āsana é o terceiro estágio. Conseqüentemente, Āsana nos liberta das perversões mentais (vikāra). Assim, Āsana e Prāṇāyāma são quase que a base do Aṣṭāṅga Yoga. É difícil ter o domínio sobre o Prāṇāyāma, sem dominar o Āsana. É igualmente difícil praticar Pratyāhāra, Dhyāna e Dhāraṇā sem dominar Āsana e Prāṇāyāma.

Quanto mais se praticar
Āsana e Prāṇāyāma, melhor. O corpo torna-se brando, forte, e flexível. Isto fará com que o corpo se livre de enfermidade. Se o corpo cai vítima de uma enfermidade, curar-se-á com Āsana e Prāṇāyāma. Mesmo doenças como diabetes, asma, epilepsia, perturbações gástricas, reumáticas, paralisia, etc., podem ser prevenidas e curadas com Āsana e Prāṇāyāma.

Āsana
e Prāṇāyāma deveriam ser apreendidos somente com a ajuda e direção de um conhecedor na matéria. Não podem ser apreendidos somente pela leitura de livros e por fotografias de posturas de Yoga. “Vinā vinyāsa yogena āsanādin na kārayet”, diz Vamana, uma autoridade em Āsana de yoga e Prāṇāyāma.

Quantos Āsana há? Como praticá-los “Āsananicha tavanti yāvantyo jīva rāsayah”, dizem os Upaniṣad. Significa que há tantos Āsana quantos são os seres vivos. Estima-se que há oitocentos milhões de seres vivos. Mas conhecem-se aproximadamente trezentos Āsana. Mais ou menos cem deles são praticados. Alguns se destinam a curar enfermidades e outros a purificar o sistema psico-físico. As pessoas não precisam praticar todos os Āsana. Eles devem ser praticados de acordo com a constituição física, idade e habilidade do praticante. É possível manter o corpo livre de enfermidades com este método.

O corpo humano é um mecanismo muito complexo. Não pode permanecer sempre na mesma condição. Haverá variações no sistema devido a modificações na dieta, nas atividades, etc. Geralmente, cuida-se do corpo externamente. Internamente não se cuida de limpá-lo. Esta é a causa das enfermidades. É possível limpá-lo externamente e internamente pelo método yogui. Ele vai garantir que o corpo se livre das doenças. Daí a importância de Āsana e Prāṇāyāma para homens e mulheres.
É necessário praticar diversos Āsana para atingir, no mínimo, a perfeição de um Āsana. É depois de se atingir a perfeição no Āsana, que o Prāṇāyāma se torna fácil e eficiente. Citando a autoridade “Tasminsati avasa prachvāsayorgati vichedad prāṇāyāmaḥ”.

Se Prāṇāyāma é praticado sem Āsana, os músculos tornam-se moles e flácidos; em conseqüência disso, um movimento irregular de ar pode enfraquecer os sentidos e pode prejudicar a boa forma do corpo. Pode agir na pressão sanguínea causando enfermidades. Pode até afetar o cérebro. Fora disso, um profundo conhecimento de Bandham (de diferentes regiões, como o Mūlabandha, Udyānabandha e Jālandharābandha), é essencial para compreender a técnica do Prāṇāyāma. Pode-se controlar Bandha, se os Āsana são bem feitos. São em número de 8 aproximadamente.
“Suryabhedanam Ujjāyi sītkarī śītalī, Bhastrika Bhrāmari Mūrchā Plāvinityasta Kumbhakāh” diz Śaṁkarācārya “Sahasrasassanti hatesu kumbhāhsā jṛmbhate kevala kumbha eva”. Não se exige todos estes para a manutenção da saúde física e mental. Isto, aprendido através de um guia especializado, traz efeitos convincentes, “Kriyaiva Kāraṇam siddhed na cha tatkāranam kathā, na sāstra pāthmātrena yogasiddhih prajāyate”. Não é somente vestir o manto ocre que importa, nem a pretensão de dhyāna com os olhos fechados. O que é essencial é uma prática muito sincera e honesta, Não há distinção entre um sanyasi ou um brahmacari (solteiro) ou um chefe de família – todos deveriam praticar.
Na verdade, é um acontecimento muito feliz notar que o governo do Brasil, o povo e todos os entusiastas de Yoga organizaram um congresso internacional de Yoga, focalizando a atenção de todos, para conhecer a natureza genuína e duradoura do Yoga. Eu rogo à Deus que tais convenções sejam realizadas freqüentemente para educar os aspirantes de Yoga, para que possam distinguir o Yoga genuíno do falso.