Sunday, April 17, 2011

Então,e porquê praticar yoga?

O yoga e a sua prática deveria ser um assunto considerado por cada um de nós seres humanos,por diversas razões.
O yoga não é propriedade de ninguém ou de Pais algum .O yoga é universal.Qualquer coisa que faças que te conduza a auto-libertação é yoga.Se dar banho ao cão for o teu caminho de libertaçãó,então isso é yoga. Nesse sentido todo ser humano deveria considerar a sua prática,e depois de devidamente considerada,então decidir,já em consciência se quer praticar ou não,e em caso afirmativo,que tipo de yoga se adapta melhor as suas tendências.Não querer praticar yoga,em consciência,é tão válido como praticar.Existe um história indiana,que dois amigos perguntam a um mestre se teriam muitas encarnações ainda até a libertação final.O primeiro tinha uma vida disciplinada,fazia asanas pranayamas tapas etc etc.O segundo era preguiçoso gostava de jogar, beber, mulheres ,etc.O mestre vindo da meditação reveladora,chama os dois e diz ao primeiro: meu filho devido á tua vida disciplinada e de entrega tens mérito mas o desejo de libertação está-te a atrapalhar, de forma que ainda têns de cumprir 10 encarnações na roda do samsara.Ouvindo isto o homem ficou triste, e desiludido começa a chorar.O amigo não aguentando mais a curiosidade pergunta ansiosamente:e eu mestre e eu?tu,responde o mestre ,devido a vida desregrada que fazes,ainda têns mais 100 encarnações karmicas meu filho.Ao ouvir isto,e não cabendo em si de feliz ,o homem começou a cantar e a dançar.
O yoga só é valido se for voluntário, espontâneo e autêntico.
A meu ver ,mais no ocidente,o que leva as pessoas a começar a praticar yoga continua a ser a busca de beneficios,sejam eles mentais,emocionais ou fisicos.O que é válido,mas não é yoga.É no maximo yogaterapia ,nos melhores casos,e modismo ou o forte apelo dos asanas,nos outros casos.E é ótimo que assim seja,a única coisa que isto quer dizer é que a pessoa entrou no yoga pela porta dos fundos,mas mais cedo ou mais tarde,de uma forma ou outra, vai dar de caras com esse mais alto dos ideais humanos,a auto-realização de ser.
O yoga não é relegião(é interessante o testemunho de algumas pessoas que dizem que a prática de yoga os tornou melhores praticantes da relegião que professam),não é ciência,apesar de por vezes ser descrito em certos ambientes como "a ciência da reintegração cósmica,ou, a ciência da reintegração com o divino".O yoga é uma filosofia prática,comprovativa(os resultados das suas práticas não demoram a aparecer),que ensina e proporciona ao praticante uma vida feliz e tranquila,o que não significa inerte.
Podemos tomar como exemplo a vida de Gandhi .É este tipo de felicidade e tranquilidade que se fala.É a tranquilidade e felicidade que a certeza de estares a seguir o teu coração,o teu dharma,proporciona.O mesmo sentimento que aparece quando contemplamos uma peça de arte que nos toque ou completamos um trabalho que nos preenche.
O yoga ensina o caminho que trás a felicidade de dentro,ao invés de a procurarmos fora de nós,como estamos habituados a fazer, e a colher os resultados que intimamente cada um de nós tão bem conhece.
Esta pessoa que eu acho que sou, que construi para mim e para os outros,incompleta,carente,com mais ou menos segurança,bonita ou feia,todo este lixo psicológico que como uma bola de neve,acarreta mais infelicidade,esta falsa pessoa,vai desaparecendo dando lugar a prefeição que já és em níveis internos,mas todo esse "lixo" construido com base no prosuposto errado que têns de ti  próprio não deixa vir ao de cima ,não te deixa SER(to be or not to be).
A proposta do yoga não é a de te mudar ou de te transformar,não vai trazer nada de novo que não esteja já ai.
 A proposta do yoga é a de deixares ser,o ser.
Então tu vais ter uma aula de yoga onde o ênfase está na execução perfeita dos asanas,o que equivale a dizer que toda gente faz aquilo igual.O que que estás a fazer?estás simplesmente a inibir,novamente,o teu ser.O corpo procura expressar a nossa identidade,pensa miticamente sobre o asana e o coração começa a expressar-se através do corpo,e se tu deixas a opção disponivel,o asana torna-se a tua própria visão,a tua montanha,a tua árvore,o teu guerreiro(nomes de asanas)etc.Tu tens  o universo dentro de ti,então o que o asana quer de ti e que sintas a árvore(vrikshasana) que há em ti,que te sintas a enraizar na terra,a tua expressão de imobilidade de uma montanha(tadasana)etc etc.É a tua visão,não a do grupo ou professor,não se quer um rebanho,quer-se um rebanho de pastores.
Isto é o "crescei e multiplicai-vos",o ser multiplica-se pelo universo dentro dele, e 1x1=1.
Então se colocas a tua expressão no asana, na prática,e colocares o asana na vida,crias um bloco único de autencidade,crias uma visão interna ,um olhar interior sobre tudo,e a auto-realização é essa precepção lúcida,que te torna a pessoa mais normal do mundo,normal porque esse olhar interno já não vê diferenças,tornas-te uno com o universo dentro de ti,e de ti para ti só podes ser normal.
Esta realização não vêm acompanhada de fogo de artifício,duma banda ou uma seta a apontar para ti a dizer:este indivíduo é um iluminado,ou roupas brancas ou t-shirts com o ganesha etc etc etc.
Quem passa por ti a última coisa que pensa é que és um sábio,ou seja lá o que for que as pessoas pensam para catalogar,de tão normal que és.
Mas no entanto,a tua presença,mesmo silenciosa é profundamente transformadora.É yoga.

Thursday, April 14, 2011

A emigração do yoga

Existem vários caminhos para alcançar o estado de yoga.Raja yoga,Hatha yoga,Bhakti yoga,Karma yoga,Kundalini yoga,Nada yoga,Mantra yoga,Kriya yoga,e por ai vai.                                             
 O ponto de viragem da exportação do yoga do solo indiano para o ocidente dâ-se em 1893 num congresso de encontro de religiões do mundo,na América do Norte,mais própriamente em Chicago,onde o ainda jovem swami Vivekananda,com apenas 30 anos,discípulo de sri Ramakrishna,o grande santo indiano com fama de louco,impressiona o ocidente com a profundeza e convicção das suas palavras.A eloquência de swami vivekananda, aliada ao conhecimento praticamente nulo do ocidente em relação á profundidade do pensamento filosófico/religioso do oriente ,resulta num legítimo interesse em redescobrir o oriente.
Darshana,refere-se a "ponto de vista".São seis as escolas filosóficas,ou Darshanas,do hinduismo dito tradicional:-Sámkhya -Védánta -Yoga  -Nyáya -Vaishêsikha - Purva Mímánsá ou Uttara Mímánsá,e  derivadas destas linhas tradicionais do pensamento hindu,são amplamente conhecidos os pontos de vista das escolas Jainas e Budistas,entre outras,que o tempo se encarregou de atribuir menor expressão.É um enorme mundo novo,cultural,social e filosóficamante apaixonante que de repente se apresenta ao ocidente.É um conhecimento sem limites
A Sociedade Teosófica,localizada inicialmente na cidade de Chennai,no sul da Índia e que nos remete para Madame Helena Blavatsky sua fundadora,foi outro elemento de capital importância para a divulgação do yoga no ocidente,assim como para o entendimento da espiritualidade no sentido universal.Esta figura mítica,ainda inspira hoje em dia os trabalhos de vanguarda que se fazem em centros espirituais de elevado método,como é o caso de Fazenda Figueira.
Ramana maharshi,que instigava os seus discípulos a se questionarem constantemente "who am i ?"fazendo dessa pergunta a base de todo o seu ensinamento,e por isso ficou conhecido como:"o guru do jnana yoga",e sri Aurobindo,criado em Inglaterra com formação universitária em Cambridge e mais tarde,prisioneiro político na Índia colonial Britânica,foram outros dois sábios indianos que influenciaram o ocidente.Sri Aurobindo é um dos primeiros a falar em síntese,instituindo o yoga integral.
Gandhi com a sua proposta de ahimsa (não violência) e satya (verdade a qualquer custo),assim como a amplitude de seu trabalho na consciência mundial,não precisa de apresentação.Quando ainda advogado na África do Sul é profundamente influenciado por um livro de swami Vivekananda,Raja yoga, um comentârio aos Sutras do Yoga,de Pañtajali.
Outro marco na exportação do hinduismo e do yoga do solo indiano, prende-se com a vinda de swami Paramahansa Yogananda para a Ámérica,tendo o seu livro,"Autobiografia de um yogue",editado em 1946,apaixonado de vez o ocidente.É um daqueles livros mágicos.
O yoga e o hinduismo continuam a sua marcha para o ocidente,marcando presença inclusivé em partes mais obscuras da história,como no caso da II grande guerra em que tanto o mito ariano (arya significa nobre em sânscrito)como a suástica nazi (a swastika é um símbolo sagrado do hinduismo) foram importados da cultura hindu pela Alemanha nazista.
Da segunda metade do sec.XX até aos dias de hoje grande parte do yoga que se pratica além Índia deriva de dois grandes mestres de tradição vedântica,swami Sivananda,um médico que se torna renunciante e involuntariamente,devido ao crescente numero de pessoas que se ia instalando ao seu redor,funda um ashram(mosteiro)nos himalaias,de onde partem díscipulos em serviço ao seu mestre para as Américas,Canadá,Europa...(o swami que aparece nas filmagens do woodstock pertence a esta linhagem,swami satchidananda)e swami krishnamachárya,um brâhmane austero que é o responsável pelo uso do yoga como vertente medicinal e terapêutica(chikitsa yoga ou seja,yoga terapia),de forma autónoma,e não como a natural decorrência,do grande propósito yogue,a reintegração cósmica do índividuo.
Como guru Krishnamachárya teve vários díscipulos que se tornaram famosos mundialmente:Indra devi,uma ocidental que leva o yoga para hollywood,onde as estrelas de cinema lhe conferem uma aura de prestígio.
B.K.S. Iyengar que se notabiliza por desenvolver um método que utiliza materiais auxiliares na execução dos asanas e pranayamas.São cintos ,blocos,almofadas,cadeiras,armários...o que lhe granjeou a alcunha de "o mestre dos móveis",álem de uma legião mundial de seguidores.
Desikachar,filho de Krishnamachárya,que dando continuidade ao trabalho de seu pai,adota um estilo,Viniyoga,que basicamente consiste numa aproximação gradual á última fase do asana,á posição final.
Pattabhi jois,constrói e difunde o estilo talvez mais praticado,em termos comparativos,hoje em dia pelo mundo inteiro.Ashtanga vinyasa yoga.É preciso não confundir este ashtanga vinyasa com a proposta de Patañjali.São coisas distintas com o mesmo nome,vá-se lá saber porque.Na Índia comentam-se certos estilos de yoga como "yoga fabricado para estrangeiros".
Praticamente todos os discípulos de swami sivananda saraswati que foram essencialmente para as Américas e Europa,swamis,Vishnudevananda,Krishnananda,Sivananda Radha,Satchidananda ,etc,fundam ashrams(mosteiros)nesses continentes,ou mesmo em solo indiano,em outras regiões que não os Himalaias,com é o caso de swami satyananda saraswati e sua ,bihar yoga bharati,de estudos avançádos de ciências yoguicas,com uma obra impressionante em pesquisa,pulicações etc.
O yoga entra assim noutra fase, a fase comercial.O seu aspecto mais superficial pode ser encontrado e "comprado" em ginásios,academias,ensinado em casa,se houver dinheiro para isso etc etc.Com a lei da oferta e da procura a invadir uma área em que tradicionalmente o ensinamento era passado de mestre para discípulo,o desenvolvimento de novas escolas e estilos é inevitável.Pesquisas ciêntificas sobre o funcionamento de suas técnicas,proposta de campeonatos de asanas,yoga da nudez,enfim com todos os diferentes aspectos que pode eventualmente tomar o yoga está definitivamente estabelecido no ocidente.
Com um pouco de discernimento podemos encontrar um bom professor de yoga,que seja compativél com a nossa forma de estar,e sem imposições,através de sua orientação alcançar o estado de yoga.
Seja através de Mantra,Bhakti,Jnana,Karma,Kundalini,Hatha,Kriya.....ou através de todos,fundidos numa gloriosa síntese, que os tempos reclamam e a que o yoga,de tão velho que parece vir do futuro,responde afirmativamente.
                                                                                          OM TAT SAT

Tuesday, April 12, 2011

Mais Patañjali...

 Ashtanga yoga,é uma das designações que a codificação da doutrina do yoga,que Patañjali apresenta nos Yoga Sútras,usualmente recebe nos meios yoguicos.Rája yoga(yoga real),yoga clássico ou simplesmente os aforismos ou sútras são simplesmente outras formas de tratar uma e a mesma coisa,o mesmo ensinamento.
A palavra ashtanga é composta por ashta,que é a palavra sânscrita para oito, e por anga,palavra que se refere a parte,elemento, componente.Então ashtanga yoga é uma combinação linguística,que em sânscrito significa,yoga composto por oito elementos,ou,as oito partes constituintes do yoga.
Os Yoga Sútras de Patañjali são compostos por 96 aforismos(dependendo da tranliteração aparecem traduções com mais ou menos aforismos)divididos por quatro capítulos(Páda em sânscrito)temáticos,são eles:1-Samãdhi páda 2-Sádhana páda 3-Vibhuti páda 4-Kaivalyam páda.
 É no segundo capítulo,Sádhana páda, que os oito angas(partes), constituintes do yoga prescrito por Patañjali,que sugerem o nome "Ashtanga Yoga", são enumerados,tal como o ensinamento referente aos primeiros cinco.
Os dois primeiros angas,Yama e Nyama, dividem-se em : cinco normas de convivência:-Ahimsa(não violência)-Satya( o uso da verdade)-Asteya(não roubar,em todas as suas formas)-Bráhmacharya(contenção)-Aparigraha(não posseção,desapego) que são os Yamas,e em outras tantas normas de aprefeiçoamento pessoal,que são:-Shaoca(limpeza e puirificação mental e física)-Santosa(tranquilidade mental,imparcialidade)Tapas-(esforço sobre si próprio,austeridade tendo em vista o objectivo)-Svádhyáya(estudo dos textos sagrados e com base neles estudo sobre nós)-Ishvara pranidhana(entrega,movimento para o grandioso)os Nyamas.
O treceiro anga prescrito por Patañjali é Asana,descrito como uma postura "estável e confortável".
Pranayama é o quarto anga.Pranayama é a expansão,destribuição do prana.É a ciência que nos possibilita o controle da energia cósmica através da respiração.
O quinto anga é Pratyãhãra  é o recolhimento da atenção,o controle dos sentidos.
Dharana(concentração)Dhyãna(premanência no estado de concentração alcançado por dharana)e Samãdhi(extâse),o sexto,sétimo e oitavo angas, respectivamente,são apresentados por Patañjali no terceiro capítulo ,Vibhuti pada,e descritos no seu conjunto por samyama.


Patanjali no primeiro capítulo,samádhi pada,introduz-nos aos pilares sobre os quais a prática do yoga assenta,abhyãsa(disciplina,prática constante)e vairãgyã(desapego).
No segundo capítulo,conhecido como o capitulo da prática,antes de nos apresentar os  oito angas,enumera as causas da agitação mental,kleshas,que são:-Avidya(ignorância,a origem de todas as perturbações)-Asmita(ego sem o sentido da totalidade)-Raga(apego ao que proporciona prazer e sofrimento na ausência)-Dvesá(aversão a qualquer coisa)-Abinivesha(apego á vida,medo da morte).
Qualquer um destes "conceitos"aqui referidos tão sucintamente,necessitam de uma anâlise demoradamente cuidada e detalhada.Todos eles  se interligam, de uma ou outra forma,e se comlpementam numa unidade de acção comportamental.
Os Yoga Sútras são uma leitura essencial para os yoguis de todas as tradições e um legado deixado á humanidade, por um dos maiores sábios que as escolas do pensamento indiano já produziram.


                                                      OM TAT SAT

Monday, April 11, 2011

Yoga e Patañjali

Patanjali goza da credibilidade de ter sido o codificador do yoga clássico.Este sábio indiano que viveu entre os sec.II e IV A.C. foi o autor do "YOGA SÚTRAS",obra de referência para todos os estudantes e praticantes de yoga.
Os sútras,ou aforismos são sínteses.São sabedoria concentrada em poucas palavras,para que possam assim ser mais facilmente memorizados.
Habitualmente estes aforismos eram elaborados no fim de longos períodos de debates,quando então um participante era convidado a produzir o amadurecimento das ídeias tratadas durante estes aguerridos confrontos linguísticos.
No primeiro aforismo dos YOGA SÚTRAS "atha yoganuçasana"(estes são os postulados mais elevados do yoga),Patañjali adverte-nos que estes ensinamentos não estão abertos a discussão,são para serem assim preservados,estudados, e sem sofrer qualquer tipo de desvirtuamento.
Após esta afirmação de autoridade,Patãnjali,dá-nos uma discrição cabal do que é o yoga : "yoga citta vrtti nirodhadh" yoga ,é o recolhimento dos meios de expressão da mente.
E porque deveriamos nós querer controlar a mente?
A mente é a causadora de toda a felicidade e infelicidade humana.É por natureza oscilante.
A agitação mental é induzida pela ilusão temporária dos sentidos,que iludem a mente a achar que vai encontrar a felicidade aqui ou ali,com isto ou com aquilo,desta ou de outra forma,escravizando-a aos prazeres materiais.E,na maioria de nós,a maioria das vezes é esta mente quem dirige as nossas vidas,usurpando o trono do verdadeiro ser.
Quando a livramos de preconceitos,desejos,gostos e aversões,estabilizando-a e canalizando-a para a sua origem torna-se clara,objectiva,pura ,e exprimentamos o ser,o verdadeiro,"eu".
Então o yoga é a filosofia prática,que através da estabilização mental nos leva ao controle de nossas vidas,e nesse sentido, é um instrumento da verdadeira auto-realização.
Patañjali nos seus sútras,indica-nos qual o caminho a tomar para a realização desse mais alto objectivo do yoga,kaivalyam,a auto-realização no absoluto,no eterno.