Saturday, December 31, 2011

FELIZ ANO NOVO



As verdadeiras realizações pessoais,são realizações Universais.Não adianta querer ser água se nasceste para ser fogo.Este é o caminho do coração,o caminho da verdade de ser,a senda através da qual encontras Shiva e onde te tornas Shiva.É nesta ponte que conduz ao infinito que TO BE se funde em unidade comportamental com TO DO.É nesta aparente simplicidade que reside a essência da senda espiritual.É através deste contributo,único,que a consciência individual se revela como côsmica,onde o sva dharma se encontra com o dharma.
 A Casa Hanuman deseja a todos um Ano auspicioso,cheio de realizações,onde o amor e a alegria sejam a realidade.
                                                                                          SIVOHAM

Saturday, December 24, 2011

SIVOHAM,SIVOHAM,SIVOHAM COMO MENSAGEM NATALÍCIA

A Casa Hanuman deseja um bom Natal a todos.
Nesta época em que comemoramos o nascimento do Avatar do Amor,queremos deixar como prenda Natalícia aos leitores do Kavi Sadhana este poema de Sri Swami Sivananda.
Que uma profunda reflexão no seu significado nos possa ajudar a encontrar esse Amor dentro de nós e a transporta-lo para os nossos actos nesta época em que,em nome do Amor,acontece a maior carnificina anual com os nossos irmãos do reino animal.




Realizei a identidade
da alma índividual com a Alma Suprema
Sat-chit-ananda é a minha natureza essencial
minha mente afastou-se dos objectos externos
estou profundamente intoxicado de Deus

Toda a tristeza,dor e medo desapareceram
estou sempre em paz e alegre
Eu sou a Verdade,a Pura Consciência e a Bem-aventurança
Eu brilho como uma chama Divina

Em todos os seres vivos
exprimentei a Bem-aventurança do Eterno
alcançei o objetivo da vida
Nesse Brahma eu sou!

Nesse Brahma que é Satchidananda
Que é o habitante e o soberano interior
Que é o ventre dos Vedas
Que é o criador do Universo
Que é o substrato de todas as coisas
Que fornece luz ao intelecto
Que se oculta em todas as formas
Que é adorado pelos Rishis
Quem os Vedas proclamam
Quem os yogues desejam para alcançar o Samadhi
Que é o terror de Indra e de Agni
Sri Swami Sivananda
Que é doce ao yogue disciplinado
Esse Brahma em verdade sou eu!
Sivoham,Sivoham,Sivoham!


        



P.S.Ofertado a todos os leitores da Casa Hanuman no geral e especialmente á Marta Silva.
Boas Festas Marta

Thursday, December 15, 2011

ASHTANGA YOGA E FRACTURA DE FÉMUR


Muita gente não precebe o que leva alguém a escolher esta prática como seu Sadhana,menos ainda o que levará este senhor com uma fractura no fémur a adapta-la no sentido de poder praticar
.No entanto,mesmo sem a ter exprimentado, tenho ouvido muita gente emitir as suas opiniões sobre esta prática,classificando-a perante as suas visões do que é,ou deveria ser yoga.O que não deixa de ser curioso pelo caractér essencialmente prático e exprimental que premeia todo o yoga Darshan.
Através de uma pequena reflexão acerca do que seria "exprimentar"concluimos que,definitivamente não é realizá-la uma vez e retirar dai conclusões apressadas,mas praticá-la o tempo necessário a que,incorporadas todas as técnicas que a caracterizam,possamos sentir os seus efeitos e então em consciência decidirmos se nos serve ou não. Uma boa analogia é a de decidirmos exprimentar surf e não conseguindo ficar em pé logo na primeira tentativa,desistirmos e desatarmos a detonar a modalidade,sem termos chegado a surfar.Prática constante e desapego pelos resultados,são dois conceitos bem conhecidos pela comunidade yogue,ou deveriam ser.
Esta pequena reflexão,ou desabafo,não é um apelo á prática do Ashtanga yoga ou uma declaração de amor pela mesma.É no máximo um apelo á liberdade de cada um escolher a prática com que mais se identificar,e no processo entender que cada um de nós têm necessidades diferentes,o que faz com que as diferentes propostas de prática não sejam boas ou más,mas úteis. 
Este texto aplica-se ás diferentes linhas e tradições do yoga,onde encontra a sua utilidade e a razão de ser,não servindo ou justificando propostas de seitas ou métodos elaborados com base em alucinações,que servem os nobres ideais de encher os bolsos a quem os elaborou,corrompendo desinformados e desvirtuando os nobres ideais sobre os quais o yoga floresceu.
Não me estando a referir a nenhum caso em particular,reservo ao leitor a capacidade de discernimento, quando se deparar com estes casos no geral.
                                           OM TAT SAT

Monday, December 12, 2011

REFLEXÕES DE EXTÂSE E LUCIDEZ AO DOMINGO DE MANHÃ



Domingo de manhã sempre foi um espaço em que a maioria de nós humanos,por tradição, nos dedicamos aos prazeres do pensamento reflexivo.
Aproveitando essa forte corrente psíquica que se pôem em marcha,eis como e quando a resolução para a violenta crise que assola o país e o mundo se me apresentou taxativamente sob a forma de algumas propostas reformativas;e o mais curioso,espante-se o amigo leitor, foi o pensamento semente que desencadeou toda essa revolução cerebral:os problemas da arbitagem no futebol.
Peço então ao prezado leitor que acompanhe e aprecie,as subtilezas do pensamento encadeado que,caso as propostas ganhem pernas para andar, vai resolver os intrincados problemas com que as sociedades se debatem
.O caso dá-se relativamente ao espaço geográfico onde tenho a tenda montada,mas sem grande esforço o leitor poderá transportar tudo isto para a sua comunidade ou mesmo para o mundo como um todo.
Ora então vamos lá.
A foto acima publicada resume a proposta relativamente aos problemas da arbitagem no futebol,e como uma imagem,dizem,vale mais que mil palavras.....
Á laia de recomendação,vale dizer que estes senhores fizeram votos de satya (verdade) e ahimsa(não violência) aquando de sua entrada para a federação.
Também alguns siddhis(poderes psiquicos) como o da audição e visão internas,leitura da mente ou mesmo a bilocação e levitação poderão,eventualmente,ser ferramentas úteis durante a contenda,desculpem jogo,á disposição da equipa de arbítagem,ficando a ganhar desta forma,tanto a verdade desportiva como o espetáculo.
Organizemo-nos então,de forma a que façamos chegar aos orgãos,a de que direito,uma petição que assista a obrigatóriedade da disciplina yoguica nos cursos de formação da A.P.A.F.(associação portuguesa de arbitros de futebol).
E quem sabe,caso a medida alcançe resultados invejáveis,possamos posteriormente introduzir a coisa nas sedes partidárias ou até mesmo na assembleia da república,promovendo debates onde deputados esgrimissem os seus argumentos telepáticamente,poupando dessa forma o país a ouvir coisas do género"os portugueses,pela estatística europeia,ganham bem",ou até mesmo durante as sessões parlamentares,deitando-se mão de técnicas meditativas,temas como,por exemplo,serviço á comunidade x serviço a mim próprio,encontrassem o caminho da união entre opostos,levando todas as alas partidárias a cantar em uníssono a canção do desapego,ou aquela outra do serviço desinteressado.
jnana mudra(esq.) e boi mudra(drt.)
Agora,e se o leitor teve o discernimento de seguir o raciocínio até aqui,diga-me, não é uma solução maravilhosa?
E isto é só ao de leve,imagine o prezado leitor se fosse ensinado karma yoga aos deputados,a poupança que não seria só pelo simples facto de os mesmos conduzirem os seus próprios veiculos, prescindindo das viaturas e motoristas cedidos pelo estado,que é como quem diz cedidos por quem paga impostos.
E o que dizer dos subsídios de refeição,em que três dias da comidinha da boa prefazem o ordenado de um pai de família,caso fosse ensinado na assembleia da república a nobre arte de alimentação através do prana?Evidentemente por algúem que dominasse a matéria,e nem é preciso ir ao estrangeiro á procura de um especialista,cada vez existem mais portugueses a alimentarem-se do ar.Sugiro como nutricinista uma mãe de família habituada a fazer milagres para pôr a comidinha na mesa e a dosea-la para chegar para todos,a acompanhar as aulas de nutrição prânica,não vá algum destes nobres servidores da nação,por descuido,querer acumular prana a mais,correndo o risco de rebentar pelas costuras. 
eng.Sócrates em pronam mudra
 sob a batuta de seu guru
E isto é só a ponta do iceberg,muito mais poderia ser feito através da obrigatoriedade do yoga como disciplina em várias cadeias de comando.
Antevendo a sua utilidade,quero aproveitar para sugerir uma lei que obrigue a que todos os seres humanos ao domingo de manhã se dediquem as delícias do pensamento reflexivo,da nobre arte de pensar.




                     

Tuesday, December 6, 2011

MARICHYASANA

MARICHYASANA



Marichyasana.Este asana foi dedicado ao sábio Marichi.Diz a tradição que seu pai foi Brahma,o criador do universo e seu neto Surya,o deus solar doador da vida.
A prática regular desta asana alonga todo o corpo rejuvenescendo-o.É um asana de torção da coluna vertebral.Marichyasana aumenta os níveis energéticos álem de massagear e tonificar os orgãos abdominais.Melhora o funcionamento do fígado,do pâncreas,do baço,rins e intestinos.Reduz a gordura na zona da cintura,alivia lombalgia assim como dores nas costas.
É um asana muito completo,atua principalmente na saúde da coluna vertebral,proporcionando-lhe flexibilidade,alongamento e maleabilidade.
A coluna vertebral é o nosso Axis mundi,é através da sua manutenção e correto funcionamento que poderemos têr uma vida com qualidade.

Execução:
Partindo de Dandasana,sentado com as pernas esticadas e coluna erecta,dobre a perna direita de forma a que o calcanhar direito toque a nádega direita.Exalando traga o braço esquerdo de forma a que o cotovelo fique em contacto com a parte exterior do joelho direito e em movimento contínuo faça-o rodear o joelho.Traga o braço direito,que esteve apoiado no chão a dar sustentação a todo o processo,por trás das costas até o pulso ser agarrado pela mão do braço esquerdo(agarre primeiro os dedos,depois a palma da mão até chegar ao pulso).Agora levante todo o torso e faça-o rodar á direita.Vire a cabeça também á direita,olhando por cima do ombro.
Premaneça na pose por aproximadamente 30 segundos,ou o tempo que for confortável,fazendo respirações completas e profundas.Tenha sempre atenção em não comprometer a coluna,endireitando-a o máximo possívél.
Desfaça a postura inalando e enquanto retém a inalação vire a cabeça para a frente,a sua esquerda,exale soltando as mãos e retorne a Dandasana,a posição inicial.Agora repita todo o processo para o outro lado.
Este é o Marichyasana.
                                                                                    OM TAT SAT



                                                                                                                                                                                                                    


       

Saturday, November 26, 2011

NÃO ALIMENTAR O QUE DEVE MORRER,NÃO SEMEAR O QUE NÃO DEVE NASCER.


Antes de praticar yoga,ou melhor,entre a paragem desde as primeiras práticas efectuadas sem o minímo compromisso com o yoga e o seu estudo,há muitos anos atrás,e o compromisso com um sadhana diário e contínuo,que tento que não se confine somente a shala de práticas,houve um período de limbo,de experiências bem marcantes,que se de certa forma me marcaram pesadamente,esculpindo aspectos e traços de personalidade bem dificeis de serem trabalhados,visto por um outro prisma teve a luz de,sintetizando a minha forma de ver,estar e pensar,me ter conduzido ao yoga,desta feita de uma forma séria,consciente e com objectivos bem defenidos.
Foram tempos duros,anos carregados de escuridão,onde muita pouca luz entrava.
Esta catarse não têm uma conotação negativa,as coisas são o que são e foram as minhas escolhas que me colocaram a vivenciar as situações.
A infalível lei do karma,não é mais do que uma oportunidade de aprendizagem que potencialmente transporta a possibilidade de cumprirmos o nosso dharma,caso o ensinamento seja corretamente assimilado.
Quando as encruzilhadas das escolhas efectuadas me colocaram defronte ao ensinamento espiritual,o desespero causado pela vida que levava,pelos ambientes egoístas,pesados e repletos de escuridão que frequentava,falou mais alto e abraçei o ensinamento com todas as forças.De certa forma parecia que me tinha reencontrado com um velho amigo.
No processo criei uma quantidade de expectativas onde o sonho de aprender,viver e estar com pessoas que só tinham e queriam dar amor,onde não tivesse de estar sempre de pé atrás,onde pudesse finalmente relaxar,dominava.Crasso erro.
Cedo descobri que lá por serem ambientes espirituais não eram necessáriamente sinónimo das atitudes e maneiras de estar que tinha imaginado.
As vaidades extremas,os egos mascarados de shanti shanti,as atitudes em tudo falseadas mostrando algo que ao longe se vê a irrealidade e até uma maldicência sobre linhas e tradições antagônicas aquelas praticadas,eram comuns.
Um sentimento de superioridade,vindo de quem praticava relativamente a quem não praticava, delineado com denominativos mascarados de compaixão, do gênero "eles" ou as "pessoas"era comum sempre que se queria louvar algo que se fazia,praticava ou ensinava em determinado ambiente,invariavelmente colocando quem praticava num pedestal auto-eleito,com responsabilidades de pastor em relação ao rebanho que não praticava.
De certa forma também eu vejo e sinto essas responsabilidades, mas não com uma superioridade égoica,são responsabilidades de amor e união.A acção correta traz simplesmente uma responsabilidade tranquila.
Ainda hoje tenho coladas a fita cola várias situações e episódios que transporto com alguma mágoa,e mesmo com o passar do tempo,com o crescente entender da condição humana e a noção de que frequentar estes ditos ambientes não faz de nós seres humanos perfeitos,não deixo de as encarar com muito pouca tolerância e crêdito,mais ainda por essas atitudes partirem de pessoas que pelo tempo de estudo, prática e até mesmo de ensino,terem necessáriamente,ou pelo menos tentar ter,uma outra postura.
Cada vez mais sinto que o ensinamento que faz realmente a diferença é aquele que acontece através dos exemplos,um instrutor que não vive aquilo que ensina não têm credibilidade,tudo o que ensina fica na teoria,as suas palavras não trazem agregado o poder transformativo.
Não é difícil encontrar um professor de yoga carnívoro,e está bem,está no seu processo.
O que não está bem é não admitir esse seu processo,tentando tapar o sol com a peneira com alegações do gênero:Buda também comia carne e atingiu a iluminação.
Evidentemente que, quem está a aprender ou têm o discernimento muito bem afiado ou vai passar muito tempo com uma noção errada sobre a proposta que encerra o ensinamento.Ou sobre Ahimsa.
Outro exemplo recorrente é o de "professores" que utilizam o interesse e paixão inicial que o contacto com o ensinamento produz nas pessoas,em seu proveito próprio,tome ele forma monetária ou emocional.Verdadeiros predadores que utilizam o ensinamento e os sítios onde ele se transmite como seus territórios de caça.
Estas pessoas devido ás responsabilidades que assumiram quando escolheram a via do ensino, de representarem uma tradição de ensinamentos evolutivos,tornando-se elos de uma corrente que vêm desde tempos imemoriais,uma corrente de sábios e instrutores que dedicaram as suas existências a instruir e ensinar a humanidade,assim como pelo contacto prolongado que têm com o ensinamento,deveriam comportar-se de outra forma,pois já sabem as consequências de seus actos,relativamente a eles próprios e ainda pior,relativamente aos que não sabem as consequências que toda e qualquer acção provoca.
Outra aprendizagem dura foi a descoberta que um instrutor espiritual,tome ele a forma de mestre,instrutor ou simplesmente amigo não é algúem que nos passe a mão pela cabeça,ou um amigo como nós o compreendemos aqui no ocidente.
Muitas das vezes é extremamente duro e assertivo,no entanto denotas verdade nas suas atitudes,é alguém que te dá exatamente na medida que necessitas receber.
É aquela pessoa que te toca exatamente onde doí,mas com o intuito de remover a dor.
O que acontece é que as nossas expectativas,ou ilusão, sobre o que seria o"carinho"de um mestre espiritual,assim como o nosso ego,muitas das vezes não nos deixam aprender essas lições,e consequentemente remover as dores.
Mas isto é alguém comprometido com o ensinamento,e não comprometido com a "boa vida" que te dá passar,nestes casos vender,o ensinamento aos outros.Vagarosamente e aos pingos de forma a fazer render o peixe.
E isto não é um discurso apressado,é um discurso de timmings corretos,forjado dentro das diferentes experiências e propostas a que fui aderindo,nesta senda auto-eleita.
Por tudo isto,optei por estudar e praticar sózinho,assim,se me engana-se era por minha cabeça que esse engano acontecia e não por uma outra qualquer razão.
A responsabilidade que assumi juntamente com o ensino,não me premite descuidar a minha prática, tanto na shala (sala de práticas) como fora dela,a bem de satya (verdade).
Muitas vezes sinto falta de algúem que possa tirar-me as dúvidas,ou que me toque nos pontos que dôem.A falta dessa pessoa têm resultado em muitos erros,aprendizagem pela experiência baseada nas constantes tentativas e correspondentes enganos,mas o compromisso que assumi de mim para mim,têm sido um valioso aliado,que me têm levado a trilhar esta senda sempre com ânimo renovado.
Sei que quando estiver pronto o professor vai aparecer.Um daqueles que como humano que é também vai errar,mas a pureza de suas intençoes não deixa que esse erro,mesmo que magoe profundamente,caia em saco roto,pois o que conta é a intenção com que as coisas são feitas.
Até lá,cada queda ou aparente fracasso encerra uma nova possibilidade de visão e caminho.
E a prática constante de yoga,feita com a intenção correta,e com corpo e mente presentes vai-nos mudando para melhor,disto eu tenho a mais profunda certeza.
É através desta convicção exprimentada que,sem deixar de agradecer de coração a todos os que me ensinaram e que fazem parte de meu Puja diário,o meu coração se enche de tristeza quando continuo a preceber as mesmas atitudes de sempre em algumas pessoas que fizeram parte do meu passado e ainda aparecem no presente,embora essa precepção torne contornos mais críticos,talvez por no presente preceber que essas atitudes não são ingénuas.
A estes o meu pedido de desculpas pelos meus pensamentos os pesarem ainda mais,e o sincero desejo de que encontrem o seu caminho,o seu svadharma..
É,para mim,tempo de largar bagagens e seguir em frente,despojando-me do passado,olhando com fé para o presente.
É tempo de não alimentar mais o que deve morrer e de não semear o que não deve nascer.


                                                        


                                                                                                         OM TAT SAT

Thursday, November 10, 2011

OS FUNDAMENTOS DO ASHTANGA VINYASA YOGA

O Ashtanga vinyasa yoga,ensinado por Shri Pattabhi Jois,é baseado num antigo manuscrito chamado yoga korunta,redescoberto,ou melhor redesvelado, pois as condições de como o documento foi parar as mãos de shri Krishnamacharya,o guru de Pattabhi Jois, estão envoltas num mistério que toma formas místicas.
Crê-se que o manuscrito contêm um sistema de hatha yoga que corresponderia á prática prescrita por Patañjali,integrando os oito angas da sua codificação,os yoga sutras.
Esta é a razão da correspondência nominal,Ashtanga yoga, entre as duas abordagens.
O manuscrito descoberto no ínicio do sec.XX foi decifrado e organizado por Shri Krishnamacharya nos anos 30,tendo este pedido posteriormente aos seus díscipulos que ensinassem e difundissem o yoga,assim como o seu guru o tinha levado a fazer (um pedido de um guru é uma ordem).
O yoga passava por uma fase de esquecimento e descrédito,sendo olhado pela própria sociedade Indiana e seus proeminentes jovens,como coisa antiga,obsoleta,de um tradicionalismo obscuro,olhando-se para a ciência,a observação e comprovação ciêntifica como o futuro,a modernidade.
A mãe Índia vinha de um colonialismo britânico opressor, que como manobra política de colonização e controle, tentou acabar com todas as formas de pensamento e expressão Hindus.
No auge da loucura tentou-se reescrever a história,contratando historiadores mercenários,que se prestaram ao serviço de desacreditar as escrituras milenares hindus,como o Rig Veda por exemplo,chegando-se ao ponto de a administração inglesa dar ordem de execução dos praticantes de medicina Ayurvédica,ciência que sobreviveu graças á protecção,camufulada,dos príncipes,rájas e maharájas Indianos.
Era portanto urgente restaurar a cultura dos Bharatas,e o yoga era transversal a toda essa cultura.
Deste yoga korunta sairam várias abordagens em relação á prática original,sendo que o Ashtanga vinyasa yoga é uma delas.
Fica então a intrepertação do yoga korunta,nas próprias palavras de shri Pattabhis Jois.


 

Monday, October 31, 2011

HANUMAN O FILHO DO VENTO



O Ramayana é um legado que nos chega da antiguidade.Este extraordinário épico da literatura sagrada da Índia antiga escrito pelo sábio Valmiki, tanto pode ser um relato histórico como o fruto duma imaginação prodigiosa.A verdade ficou perdida nos anais do tempo.
O facto é que a N.A.S.A. através de satélite encontrou factos relatados no épico,a ponte que foi construida pelo exercíto de shri Rama e que lhe premitiu a travessia até ao sri lanka, exatamente no local apontado e com as mesmas dimensões.
Também escavações arqueológicas em Ayodhya (capital do reino de príncipe Rama) revelaram as fundações de grandes complexos palacianos,exatamente na área em que,comunmente,se atribui o nascimento de príncipe Rama,um avatar de Vishnu.
Também se deixarmos a imaginação voar um pouco conseguimos estabelecer relações entre certos relatos do épico e algumas lendas que ainda se contam em tribos indígenas,em algums pontos do globo.
Mas deixemos toda esta polémica que serviu de introdução, a quem de seu direito e debruçemo-nos sobre Hanuman,filho de Marut o Deus do vento e sobre,seja ele história ou ficção poética,a intemporalidade do seu simbolismo.
Hanuman,avatar de Shiva é recordado com grande afeto e admiração por seus devotos,admiradores ou simplesmente simpatizantes,que são umas boas centenas de milhares espalhados, por todo o mundo.
Hanuman é um sinonimo de Tapas,de sacrificio,a sua devoção e amizade por shri Rama não tinha limites.A famosa expressão "uma fé que move montanhas" toma nova dimensão com Hanuman que transporta uma montanha do himalaya para salvar a vida de Lakshman,irmão de Rama.
Também foi Hanuman que localizou Sita,a amada de Rama,raptada por Ravana chefe dos rakshasas (demónios) e mantida em cativeiro no sri lanka.
Hanuman é um completo cavalheiro.
Reune em si virtudes como: coragem,força,ternura,erudição,humildade,sabedoria,serviço e lealdade incondicionais.
Rama,o simbolo de o homem ideal,como projetado por Valmiki,têm uma admiração profunda pelo alto grau de cultura e estatuto moral de Hanuman.
Hanuman é o simbolo do discípulo perfeito (chela),como disse Rama "o mestre que possui um discípulo assim é realmente abençoado".
Quando lemos ou ouvimos falar em gurus,discípulos,assim como outros ícones da cultura hindu,temos de prescindir da mente ocidental,e preceber estes conceitos á luz do oriente, para podermos entender a riqueza conceitual e tradicional encerrada neles.
Hanuman é adorado como uma encarnação perfeita de força,auto-controle,sacrificio,e suprema devoção.
Hanuman e altruismo são sinónimos.
Também no Mahabharata,outro legado da Mãe Índia á humanidade,aparece uma alusão a Hanuman.
No seu mais célebre canto,o Bhagavad-gita,a bandeira da carruagem de guerra de Arjuna,conduzida por shri Krishna também ele um avatar de Vishnu,têm a estampa de Hanuman.
Será de estranhar que certas virtudes e qualidades sejam louvadas e cantadas,como se o seu lugar fosse num eterno presente?
Prece-nos que perante a crise de valores que a humanidade presentemente atravessa,onde se admiram tantos falsos idolos,prestar homenagem a Hanuman seja ele um personagem mitíco ou histórico é,pelo menos,um ato de bom senso.

                                                                   JAYA HANUMAN

Friday, October 28, 2011

UM FELIZ DIWALI A TODOS !

Numa recente "surfada" pela net, num dos spots que mais gosto de frequentar, a "Casa Ganapati" encontrei um post sobre o Diwali.
O saber muito pouco sobre o tema,que era nesta altura do ano,que se associava Lakshmi á festividade, etc. etc, despertou-me a curiosidade o suficiente para continuar a surfada pela net,desta feita com um objectivo traçado, o Diwali.
Dentro dos muitos artigos e posts que encontrei sobre o tema,este publicado pela ammabrasil é tão rico de informação que não resisti a compartilha-lo com os leitores do "kavi sadhana".
O único mérito que me pode ser atribuido em relação a este artigo é o de o ter copiado,pois tanto a inspiração como o post própriamente dito,não me pertencem.
Ainda assim,quero aproveitar para desejar um feliz Diwali a todos.
Que possa Lakshmi cobrir-nos com suas bençãos.


Comemoração do Diwali – Ano Novo Indiano


DIWALI
O Deepavali ou Diwali, que literalmente significa “fileira de luzes”, é um dos quatro principais festivais da Índia.
Diwali é o festival de luzes e ocorre na Lua Nova. A celebração acontece na noite mais escura do outono, o dia de Lua Nova, marcando a transição entre a Lua Minguante com a Lua Crescente, a passagem das trevas para a luz.
Tradicionalmente pequenas lâmpadas de argila com óleo são acesas para representar o triunfo do bem sobre o mal. Somos lembrados de que a centelha de luz divina que habita em todos os nossos corações.
É também a festa para comemorar a prosperidade e a riqueza. Todos são incentivados a comprar todas as coisas novas: roupas, jóias, carros, utensílios de cozinha … é só escolher! Riqueza é móvel e não estática.
Há também uma abundância de doces para comer representando doçura e amor.
Diwali é o tempo em que convidar e receber a luz divina. Este é o momento para convidar a prosperidade e a responsabilidade para com ele. Deus não é pobre. O ouro é divino, pois tem uma vibração especial e é o padrão universal de riqueza e prosperidade.

                                                      A mensagem de Diwali 

O nome tradicional da Índia é Bharata e os indianos são Bharatias – ou ‘aqueles que se deleitam em luz’. Durante a noite de Diwali, inumeráveis pequenas lamparinas de barro (diyas) silenciosamente enviam adiante a mensagem de Diwali: “Venha, deixe-nos remover a escuridão da face da terra”.
O dharma (dever) do fogo é o mesmo onde quer que esteja: na casa de um homem pobre, de um homem rico, na América, na Antártica, ou no Himalaia. Dar luz e calor. A chama sempre aponta para cima. Ainda que mantenhamos a lâmpada de cabeça para baixo, a chama queimará para cima. A mensagem é que nossa mente deve estar focalizada no Atman, o Ser, onde quer que nós estejamos. As lâmpadas lembram-nos de nosso dharma – compreender nossa natureza divina.

“O Ser é pura consciência que é auto-luminosa. A cognição de todos objetos surge da luz de pura Consciência “. – Bhrihadaranyaka Upanishad.

Uma lâmpada pode acender vários outras. Você mesmo pode acender 1000 lâmpadas, e ainda a chama e a luz da primeira lâmpada permanecerá como é. Ao multiplicar-se, a luz nada perde. As luzes de Diwali representam Brahman e a criação.
Passando a mensagem do mantra:

“Purnamada Purnamidam Purnaat Purnamudachyate Purnasya Purnamadaya Purnamevasishyate”

As filas de lâmpadas ensinam mais outra importante lição de união. A luz que brilha no Sol, na lua, nas estrelas, e no fogo são todas as mesmas. Ver e reconhecer aquela luz, a luz da Consciência, que se manifesta e pulsa em e por toda criação é a meta da vida. Assim, reconhecendo toda criação como uma expressão do seu Verdadeiro Ser, espalhe a luz de amor e compaixão.
As luzes de Diwali são exibidas nas portas de entrada, pelas paredes das casas, nas ruas e alamedas. Isso significa que a luz espiritual interior do indivíduo deve ser refletida do lado de fora. Deve beneficiar a sociedade. Assim, um transeunte pode ser ajudado a prevenir de tropeçar no caminho de alcançar seu destino.
Alimentar os estômagos vazios de quem tem fome, acender diyas de festança e trazer à luz àqueles que vivem na escuridão é o verdadeiro espírito de Diwali. Esta é a verdadeira oração.

                                                       As Lendas de Diwali
Retorno de Rama a Ayodhya

Dhanteras
As escrituras mencionam a divindade chamado Dhanvantari que emerge do oceano segurando um kalash (pote) cheio de Amrit (ambrosia). Devido ao fato que Dhanvantari, que revelou a ciência do Ayurveda ao mundo, manifestou-se primeiramente neste dia, médicos por toda Índia, que seguem o sistema de medicina ayurvédica, organizam celebrações durante o festival anual de Dhanvantari.
Naraka Chaturdashi
Existe uma lenda sobre rei de Prag-Jyotishpur, chamado Narakasura. Era um rei poderoso que abusou de seu poder para atormentar seus súditos. Sri Krishna destruiu este rei asura (demônio) opressivo neste dia. Pessoas que são injustamente presas celebraram sua liberdade com os amigos e família. E os cidadãos celebraram sua libertação do reinado de Narkasura acendendo lâmpadas.
Sri Rama
Diwali cai numa noite sem lua – aliás, o dia mais escuro do ano. As iluminações e fogos de artifício, alegria e festividades, simbolizam a vitória das forças divinas sobre os poderes de escuridão. No dia de Diwali, conta-se que o triunfante Sri Rama retornou a Ayodhya depois de derrotar Ravana, o rei asura de Sri Lanka.
A Deusa Lakshmi Devi
O Puranas diz que neste dia, a Deusa Lakshmi, que emergiu do oceano de leite (Ksheera Sagara), casou-se com o Senhor Vishnu, o repositório de todas qualidades divinas.
Govardhana Puja
Para proteger as gopis e gopas e suas vacas das chuvas torrenciais enviadas por Indra, Krishna levantou com o seu dedo uma colina perto de Mathura, chamada de Govardhana, e protegeu todas as pessoas durante um período de sete dias sob ele. Com isto, Indra viu a grandeza de Krishna e pediu perdão.
Bhaiyya Dooj
O rio Yamuna e Yama – o Deus da Morte, eram irmão e irmã. Ao crescerem, seguiram diferentes caminhos. Neste dia, Yama supostamente visitou seu irmã Yamuna, que em sua alegria ao ver seu irmão depois de um longo período, dedicou uma festa para ele. Contente, Yama concedeu-a uma bênção. Declarou que qualquer homem que recebesse um tilak ou marca vermelha na testa da sua irmã, e que amavelmente a oferecesse presentes neste dia, atingiria mundos mais altos.

                                                     A celebração de Diwali

Começando no dia 12 do mês de Kartika (de acordo com o calendário lunar indiano) pode durar seis dias . No dia anterior ao Diwali, as mulheres fazem jejum para evocar a graça de Deus. Isso não quer dizer que Deus deseja nos ver faminto ou sente prazer com nosso sofrimento – o princípio aqui, é que só se ganha algo ao se abandonar algo. Nessa noite, devotos adoram Gomata (a vaca sagrada) e seu bezerro, oferecendo alimento especial. As mulheres oram para o bem-estar da família inteira. Este dia sagrado é chamado Vasubaras.
O primeiro dia oficial de Diwali cai no 13º dia de Kartika. As pessoas se põem a limpar suas casas e lojas, a decorar soleiras e pátios com ornamentos multi-coloridos. Compram ornamentos de ouro, vasos, roupas, e outros itens. Os devotos acordam cedo pela manhã antes do Sol nascer e tomam banho de óleo. Se possível, vestem roupas novas. À noite, reverenciam moedas representando a riqueza. As famílias decoram casas e pátios com lampiões dando um brilho aquecedor à noite. Este dia de celebração é chamado Dhantrayodashi ou Dhanteras.
O segundo dia é chamado Naraka Chaturdashi. As pessoas tomam um banho de óleo na primeira manhã e então à noite acendem lâmpadas e fogos de artifício. As pessoas visitam seus parentes e amigos, e oferecem doces e amor.
No terceiro dia, as pessoas adoram Lakshmi, a Deusa de riqueza. As pessoas decoram suas casas com acender lâmpadas ou lampiões para receber Lakshmi em sua casas e corações. Os homens de negócios fecham contas antigas e abrem novas. A terra fica iluminada por lâmpadas e os céus são tingidos pelas luzes multicoloridas de fogos de artifício.
No norte da Índia, o Govardhana Puja acontece no quarto dia de Diwali. Os devotos no norte do país constroem montes feitos de estrume de vaca, simbolizando Govardhana – a montanha que Krishna levantou com o seu dedo para proteger os aldeãos de Vrindavan da chuva – decorando-os. No norte, observa-se este dia como Annakoot, ou a montanha de alimento.
O quinto dia do festival chama-se Bhaiyya Dooj, e celebra costumes raros e divertidos. Cada homem janta na casa da irmã, e em troca, oferece presentes, chamado de Yama Dwitiya. Milhares de irmãos e irmãs dão-se as mãos e tomam um banho sagrado no rio Yamuna.

Fonte-ammabrasil


                                                                       OM TAT SAT

Monday, October 24, 2011

OS YOGA SUTRAS DE PATAÑJALI--VI-KAIVALYAM PADA



KAIVALYAM PADA


JANMA-OSADHI-MANTRA-TAPAH-SAMADHI-JAH SIDDAYAHSAMADHI
1. Poderes sobrenaturais advém com o nascimento, ou são consequidos através de ervas, encantamentos, austeridades ou concentração.
JATI-ANTARA-PARINAMA PRAKRTY-APURAT
2. (A mutação do corpo e dos órgãos para aquele nascido em espécie diferente) acontece através do preenchimento de sua natureza inata.
NIMITTAM APRAYOJAKAM PRAKRTINAM VARANA-BHEDAS TU TATAH KSETRIKAVAT
3. Causas não colocam a natureza em movimento, somente a remoção de obstáculos acontece através delas. Isso é como um fazendeiro quebrando a barreira para permitir o
fluxo de água. (Os obstáculos sendo removidos pelas causas, a natureza penetra por ela
mesma).
SUTRA 4 NIRMANA-CITTANI ASMITA-MATRAT
4. Todas as mentes criadas são construidas a partir do sentido-de- -Eu.
SUTRA 5 PRAVRTTI-BHEDE PRAYOJAKAM CITTAM EKAM ANEKESAM
5. Uma mente (principal) direciona as várias mentes criadas na variedade de suas
atividades.
TATRA DHYANA-JAM ANASAYAM
6. Delas (mentes com poderes sobrenaturais) as obtidas através da meditação não têm
impressões subliminares.
KARMA-ASUKLA-AKRSNAM YOGINAS TRIVIDHAM ITARESAM
7. As ações do Yogui não são nem brancas, nem pretas, enquanto as ações dos outros são de três tipos.
tatas tad-vipaka-anugunanam eva abhivyaktir vasananam
8. Então (das três variedades de karma) manifestam-se as impressões subconscientes
apropriadas às suas consequências.
JATI-DESA-KALA-VYAVAHITANAM APY ANTANTARYAM SMRTI-AMSKARARAYOR EKA RUPATVAT
9. Em função da semelhança entre a memória e suas impressões latentes correspondentes, as impressões subconscientes dos sentimentos aparecem simultaneamente, mesmo quando são separadas por nascimento, espaço e tempo.
TASAM ANADITVAM CA ASISO NITYATVAT
10. Desejo de bem-estar sendo eterno, segue-se que a impressão subconsciente da qual ele advém deve ser sem começo.
HETU-FALA-ASHRAYA-ALAMBANAIHA SANGRAHIITATVAT ESHAM ABHAVE TAD-ABHAVAH
11. Em função de serem mantidas juntas pela causa, resultado e objetos suportes, quando isso se ausenta, as Vasanas desaparecem.
ATITANAGATAM SVARUPATO 'STY ADHVA-BHEDAD DHARMANAM
12. O passado e o futuro são em realidade, presente, em suas formas fundamentais, tendo diferenças apenas nas características das formas tomadas em tempos diferentes.
TE VYAKTA-SUKSHMAH GUNATMANAH
13. Características, que são presentes em todos os tempos, são manifestas e sutis, e são
compostas das três Gunas.
PARINAMAIKATVAD VASTU-TATTVAM
14. Em função da mutação coordenada das três Gunas, um objeto aparece como uma
unidade.
VASTU-SAMYE CHITTA-BHEDAT TAYOR VIBHAKTAH PANTHAH
15. Apesar da semelhança entre os objetos, em função de haverem mentes separadas, eles (os objetos e seu conhecimento) seguem caminhos diferentes, essa é a razão deles serem inteiramente diferentes.
NA CA-EKA-CITTA-TANTRAM VASTU TAD-APRAMANAKAM TADA KIM SYAT
16. Objeto não é dependente de uma mente, porque se assim fosse, o que aconteceria quando ele não fosse mais cognizado por esta mente?
TAD-UPARAGAPEKSITVAC CITTASYA VASTU JNATAJNATAM
17. Objetos externos são conhecidos ou desconhecidos para a mente na medida em que
colorem a mente.
SADA JNATASTH CITTA-VRITTAYAS TAT-PRABHOH PURUSHASYAPARINAMITVAT
18. Em função da imutabilidade de Purusha, que é mestre da mente, as modificações da
mente são sempre conhecidas ou manifestas.
NA TAT SVABHASAM DRISHYATVAT
19. Ela (a mente) não é auto-iluminada, sendo um objeto (conhecível).
EKA-SAMAYE CHOBHAYANAVADHARANAM
20. Além disso, ambos (a mente e seus objetos) não podem ser cognizados
simultaneamente.
CITTANTARA-DRISYE BUDDHI-BUDDHER ATIPRASANGAH SMRITI-SANSKARAS CA
21. Se a mente fosse iluminada por uma outra mente, então haveria repetição ad infinitum de mentes iluminadas e inter-mistura de memória.
CITER APRATISANKRAMAYAS TAD-AKARAPATTAU SVABUDDHI-SANVEDANAM
22. (Portanto) Intransmissível, a Consciência metempirica, refletindo sobre Buddhi torna-se a causa da consciência de Buddhi.
DRASHTRI-DRISHYOPARAKTAM CITTAM SARVARTHAM
23. A matéria mental sendo afetada pelo Observador e o observado, torna-se todacompreensiva.
TAD ASANKHYEYA-VASANABHISH CHITRAM API PARARTHAM SANHATYA-KARITVAT
24. Ela (a mente) apesar de marcada pelas inimeráveis impressões subconscientes, existe para um outro, desde que age conjuntamente.
VISESA-DARSHINA ATMA-BHAVA-BHAVANA-VINIVRITTIH
25. Para aquele que conheceu a entidade distinta, isto é Purusha, inquirição sobre a natureza do próprio Ser, cessa.
TADA HI VIVEKA-NIMNAM KAIVALYA-PRAGBHARAM CITTAM
26. (Então) A mente se inclina ao conhecimento discriminativo e naturalmente gravita em direção ao estado de liberação.
TACH-CHIDRESHU PRATYAYANTARANI SANSKAREBHYAH
27. Através de suas ramificações (isto é, quebras no conhecimento discriminativo) surgem outras flutuações da mente devido às impressões latentes (residuais).
HANAM ESHAM KLESHAVAD UKTAM
28. Tem-se dito que sua remoção (isto é, das flutuações) segue o mesmo processo da
remoção das aflições.
PRASANKHYANE 'PY AKUSIDASYA SARVATHA VIVEKA-KHYATER DHARMA-MEGHAH SAMADHIH
29. Quando o indivíduo torna-se desinteressado mesmo pela onisciência, ele adquiri
iluminação discriminativa perpétua de onde vem a concentração conhecida como Dharmamegha (nuvem que despeja virtude).
TATAH KLESHA-KARMA-NIVRTTIH
30. A partir disso, aflições e ações cessam.
TADA SARVAVARANA-MALAPETASYA JNANASYANANTYAJ-JNEYAM-ALPAM
31. Então em função da infinitude do conhecimento, livre da cobertura das impurezas, os objetos conhecíveis aparentam poucos.
TATAH KRITARTHANAM PARINAMA-KRAMA-SAMAPTIR GUNANAM
32. Depois de sua emergência (nuvem que despeja virtude) as Gunas tendo cumprido seu propósito, a sequência de suas mutações cessam.
KSHANA-PRATIYOGI PARINAMAPARANTA-NIRGRAHYAH KRAMAH
33. O que pertence aos momentos e é indicado pelo término de uma mutação particular, é sequência.
PURUSARTHA-SUNYANAM GUNANAM PRATIPRASAVAH KAIVALYAM SVARUPA-PRATISTHA VA CITI-SAKTIR ITI
34. O estado do Ser-nele-mesmo ou liberação, realiza-se quando as Gunas (tendo promovido experiência e liberação para Purusha) não têm mais propósito a cumprir e desaparecem em sua substância causal. Em outras palavras, é Consciência absoluta estabelecida em seu próprio Ser

Fonte-Laisa Boaventura


Kaivalyam pada,o capitulo sobre a libertação é o último desta consisa,que como já referi é um apanágio dos sutras,mas monumental obra de Patañjali.Cada frase,ou palavra não se esgota de significado.Neste sentido,e apesar de conter passos bem precisos,esta é uma obra aberta,assim como o universo que no seu constante dinamismo não fecha portas,ou sequer têm lugar para cristalizações. Terá sido essa abertura,disciplinada,a razão para que os sutras chegassem aos dias de hoje plenamente atuais?Ao sincero buscador da verdade cabe levar esses sutras para o coração e deixar que a intuição explane sobre eles.
Poderá haver algo mais urgente do que sermos aquilo que somos na eternidade?

                                                                     OM TAT SAT

 

Thursday, October 20, 2011

OS YOGASUTRAS DE PATAÑJALI--III-VIBHUTI PADA



Vibhuti Pada


DESA BANDHAS CITTASYA DHARANA
1. Dharana é a fixação da mente (Chitta) em um ponto particular no espaço.
TATRA PRATYAYA-EKATANATA DHYANAM
2. Nela (Dharana) o fluxo contínuo de modificação mental similar é chamado Dhyana ou meditação.
TAD EVA-ARTHA-MATRA-NIRBHASAM SVARUPA-SUNYAM IVA SAMADHIH
3. Quando o objeto da meditação sozinho brilha na mente, como que desprovido até mesmo do pensamento do'Eu' (que está meditando), este estado é chamado Samadhi ou concentração.
TRAYAM EKATRA SAMYAMAH
4. Os três juntos no mesmo objeto é chamado Samyama.
TAJ-JAYAT PRAJNA-ALOKAH
5. Dominando isto (Samyama) a luz do conhecimento (Prajna) emerge.
TASYA BHUMISU VINIYOGAH
6. Ela (Samyama) deve ser aplicada aos estágios (da prática).
TRAYAM ANTARANGAM PURVEBHYAH
7. Estas três práticas são mais associadas do que as mencionadas anteriormente.
TAD API BAHIRANGAM NIRBIJSYA
8. Isso também (deve ser visto) como externo com relação a Nirvija ou concentração sem semente.
VYUTTHANA-NIRODHA-SAMSKARAYOR ABHIBHAVA-PRADHURBHAVAU NIRODHA-KSANA-CHITTANVAYO NIRODHA-PARINAMAH
9. Supressão das latências das flutuações e aparecimento das latências do estado de pausa, acontecendo a cada momento de ausência do estado de pausa na mesma mente, é a mudança do estado de pausa da mente.
TASYA PRASANTA-VAHITA SAMSKARAT
10. Continuidade da mente tranquila (no estado de pausa) é assegurado por suas impressões latentes.
SARVA-ARTHATA-EKAGRATAYOH KSHAYA-UDAYAU CITTASYA SAMADHI-PARINAMAH
11. Diminuição da atenção voltada para tudo e desenvolvimento da concentração (onepointedness) é chamado Samadhi-parinama, ou mutação da mente concentrada.
TATAH PUNAH SANTA-UDITAU TULYA-PRATYAYAU CHITTASYAI-EKAGRATA-PARINAMAH
12. Lá (em Samadhi) ainda (no estado de concentração) as modificações passadas e resentes sendo similares é Ekagrata- parinama, ou mutação do estado estável da mente.
ETENA BHUTA-INDRIYESU DHARMA-LAKSANA-AVASTHA-PARINAMA VYAKHYATAH
13. Assim explica-se as três mudanças, ou seja, dos atributos essenciais ou características, das características temporais, e dos estados das Bhutas e das Indriyas (isto é, todos os fenômenos conhecíveis).
SANTA-UDITA-AVYAPADESYA-DHARMA-ANUPATI DHARMI
14. Aquilo que continua a sua existência, através das várias características, nomeadamente:o inativo, isto é, passado; o emergente, isto é, presente; o imanifesto, (mas que permanece como força potente), isto é, futuro, é o substrato (ou objeto caracterizado).
KRAMA-ANYATVAM PARINAMA-ANYATVE HETUH
15. Mudança de sequência (das características) é a causa das diferênças mutativas.
PARINAMA-TRAYA-SAMYAMAD ATITANAGATA-JNANAM
16. Conhecimento do passado e do futuro pode advir de Samyama sobre as três Parinamas (mudanças).
SHABDARTHA-PRATYAYANAM ITARA-ITARA ADHYASAT SAMKARAS TAT-PRAVIBHAGA-SAMYAMAT SARVA-BHUTA-RUTA-JNANAM
17. Palavra, objeto implicado, e idéia correspondente, produz uma impressão unificada. Se Samyama for praticada em cada um separadamente, conhecimento do significado dos sons produzidos por todos os seres, pode ser adquirido.
SAMSKARA-SAKSHATKARANAT PURVA-JATIJNANAM
18 Pela realização das impressões latentes, conhecimento dos nascimentos prévios é adquirido.
PRATYAYASYA PARA-CHITTA-JNANAM
19. (Pela prática de Samyama) em noções, conhecimento de outras mentes é desenvolvido.
NA CHA TAT SALAMBANAM TASYAVISHAYI-BHUTATVAT
20 O suporte (ou base) da noção não se torna conhecido, porqueeste não é objeto de observação (do yogui).
KAYA-RUPA-SAMYAMAT TAD-GRAHYA-SHAKTI-STAMBHE CHAKSHUH-PRAKASHASANPRAYOGE 'NTARDHANAM
21. Quando a capacidade de percepção do corpo é suprimida pela prática de Samyama em seu caracter visual, desaparecimento do corpo é efetivado, por ficar ele além da esferea de percepção do olho.< BR>
sopakramam nirupakramam cha karma tat-samyamad aparanta-jnanam arishtebhyo va
22. Karma pode ser rápido ou lento em sua frutificação. Pela prática de Samyama no Karma, conhecimento da morte pode ser adquirido.
SOPAKRAMAM NIRUPAKRAMAM CHA KARMA TAT-SAMYAMAD APARANTA-JNANAM ARISHTEBHYO VA MAITRY-ADISHU BALANI
23. Através de Samyama sobre a amizade, e outras virtudes similares, obtem-se força.
BALESU HASTI-BALA-ADINI
24. (Pela prática de Samyama) na força (física), a força de elefantes etc, pode ser adquirida.
PRAVRITTI-ALOKA-NYASAT SUKSHMA-VYAVAHITA-VIPRAKRISHTA-JNANAM
25. Aplicando a luz efulgente da percepção superior (Jyotismati), conhecimento dos objetos sutis, ou coisas invisíveis ou colocadas a grande distância, pode ser adquirido.
BHUVANA-JNANAM SURYE SAMYAMAT
26. (Praticando Samyama) sobre o sol (o ponto no corpo conhecido como a entrada solar), o conhecimento das regiões cósmicas é adquirido.
CHANDRE TARA-VYUHA-JNANAM
27. (Pela prática de Samyama) sobre a lua (a entrada lunar no corpo), conhecimento do arranjo entre as estrelas é adquirido.
DHRUVE TAD-GATI-JNANAM
28. (Pela prática de Samyama) na estrela Polar, o movimento das estrelas é conhecido.
NABHI-CHAKRE KAYA-VYUHA-JNANAM
29. (Pela prática de Samyama) no plexo do umbigo, advém conhecimento da composição do corpo.
KANTHA-KUPE KSHUT-PIPASA-NIVRITTIH
30. (Praticando Samyama) na traquéia, fome e sede são restringidas.
KURMA-NADYAM STHAIRYAM
31. Calma é alcançada por Samyama no tubo bronquial.
MURDHA-JYOTISHI SIDDHA-DARSHANAM
32. (Pela prática de Samyama) na luz coronal, Siddhas podem ser vistos.
PRATIBHAD VA SARVAM
33. Do conhecimento denominado Pratibha (intuição), tudo torna-se conhecido.
HRIDAYE CHITTA-SAMVIT
34. (Pela prática de Samyama) no coração, conhecimento da mente é adquirido.
SATTVA-PURUSAYOR ATYANTA-SAMKIRNAYOH PRATYAYAVISESAH BHOGAH PARARTHAVAT SVARTHA-SAMYAMAT PURUSA-JNANAM
35. Experiência (de prazer ou dor), vem da concepção que não distingue entre duas entidades extremamente diferentes: Buddhisattva e Purusha. Tal experiência existe para um outro (isto é, Purusha). Esta é a razão de através de Samyama em Purusha (que observa todas as experências e também sua completa cessassão) conhecimento com relação a Purusha ser adquirido.
TATAH PRATIBHA-SRAVANA-VEDANA-ADARSA-ASVADA-VARTAH JAYANTE
36. Portanto (do conhecimento de Purusha), advém Pratibha (intuição), Sravana (poder sobrenatural de ouvir), Vedana (poder sobrenatural de tocar), Adarsa (poder obrenatural de ver), Asvada (poder sobrenatural gustativo) e Varta (p oder sobrenatural de cheirar).
TE SAMADHAV UPASARGA VYUTTHANE SIDDHAYAH
37. Eles (estes poderes) são impedimentos ao Samadhi, mas são (vistos como) aquisições no estado normal-mutante da mente.
BANDHA-KARANA-SAITHILYAT PRACHARA-SAMVEDANACH CHA CHITTASYA
38. Quando as causas do aprisionamento são enfraquecidas, e os movimentos da mente conhecidos, a mente pode entrar em outro corpo.
UDANA-JAYAT-JALA-PANKA-KANTAKA-ADISHU ASANGA UTKRANTIS-CA
39. Conquistando a força vital (da vida) chamada Udana, a possibilidade de imersão em água ou lama e envolvimentos dolorosos, são evitados, e a saida do corpo pela vontade é assegurada.
SAMANA-JAYAJ JVALANAM
40 Conquistando a força vital chamada Samana, efulgência é adquirida.
SROTA-AKASAYOH SAMBANDHA SAMYAMAD DIVIAM SROTAM
41. Através de Samyama na relação entre Akasa e o poder de ouvir, capacidade divina de ouvir é adquirida.
KAYA-AKASHAYOH SAMBANDHA-SAMYAMAT LAGHU-TULA-SAMAPATTEH CA AKASAGAMANAM
42. Através de Samyama na relação entre o corpo e Akasa, e pela concentração na leveza do algodão ou da lã, passagem através do céu é assegurada.
BAHIR AKALPITA VRTTIR MAHA-VIDEHA TATAH PRAKASA AVARANA-KSAYAH
43. Quando a concepção inimaginável pode ser mantida fora, isto é, não conectada com o corpo, é chamada Mahavideha ou a grande desencarnação. Através de Samyama nisso, o véu que cobre a iluminação (de Buddhisattva) é removido.
STHULA SVARUPA SUKSMA ANVAYARTH-ARTHAVATTVA SAMYAMAD BHUTA JAYAH
44. Através de Samyama no denso, no caracter essencial, no sutil, a inerência e a objetividade, que são as cinco formas de Bhutas ou elementos, maestria sobre Bhutas é conseguida.
TATAH ANIMA-ADI-PRADURBHAVAH KAYA-SAMPAT-TAD DHARMA-ANABHIGHATAS CA
45. Então desenvolve-se o poder de minimização assim como outras aquisições corpóreas. Deixa de existir também, resistência a suas características.
RUPA-LAVANYA-BALA-VAJRA-SAMHANANATYANI KAYA-SAMPAT
46. Perfeição do corpo consiste em beleza, graça, força e firmeza adamantinas.
GRAHANA-SVARUPASMITA-ANVAYA-ARTHAVATTVA-SAMYAMAD INDRIYA-JAYAH
47. Através de Samyama na receptividade, caracter essencial, sentido de Eu, qualidade inerente e objetividade dos cinco sentidos, maestria sobre eles é obtida.
TATO MANOJAVITAM VIKARANA-BHAVAH PRADHANA-JAYASH CHA
48. Então advém poderes de movimentos rápidos da mente, ação dos órgãos independente do corpo e maestria sobre Pradhana, a causa primordial.
SATTVA-PURUSA-ANYATA-KHYATI-MATRASYA SARVA-BHAVA-ADHISTHATRITVAM SARVA-JNATRTVAM CA
49. Para aquele estabelecido no discernimento entre Buddhi e Purusha, vem a supremacia sobre todos os seres assim como onisciência.
TAD-VAIRAGYAD API DOSA-BIJA-KSHAYE KAIVALYAM
50. Através da renunciação mesmo disto (conquista de Visoka), vem a liberação em consequência da destruição das sementes do mal.
STHANY-UPANIMANTRANE SANGHA-SMAYAKARANAM PUNAR ANISHTA-PRASANGAT
51. Quando convidado pelos seres celestiais, este convite não deve ser aceito, nem deve ser causa de vaidade, pois envolve a possibilidade de consequências indesejáveis.
KSHANA-TAT-KRAMAYOH SAMYAMAD VIVEKAJAM JNANAM
52. Conhecimento diferenciado do Ser e do não-Ser advém da prática de Samyama no momento e sua sequência.
JATI-LAKSANA-DESAIR ANYATA-ANAVACHCHEDAT-TULYAYOS-TATAH PRATIPATTIH
53. Quando espécie, caracter temporal e posição de duas coisas diferentes são indiscerníveis, elas aparentam iguais, no entanto podem ser diferenciadas (por este conhecimento).
TARAKAM SARVA-VISHAYAM SARVATHA-VISAYAM-AKRAMAN CA-ITI VIVEKA-JAM JNANAM
54. O conhecimento do discernimento é Taraka ou intuitivo, compreende todas as coisas e todo o tempo, e não tem sequência.
SATTVA-PURUSAYOH SHUDDHI-SAMYE KAIVALYAM
55. (Se o discernimento discriminativo secundário é adquirido ou não) quando igualdade é estabelecida entre Buddhisattva e Purusha na sua pureza, liberação acontece.


Fonte-Laisa Boaventura

Ravana a raptar Sita
Amigos leitores aqui está mais um capítulo dos sutras.Desta feita o terceiro,o capítulo dos sidhis,os poderes mágicos.Todos os sábios nos advertem quanto ao perigo que podem representar estes poderes.O apego assim como o uso indiscriminado destes poderes são um entrave á evolução espiritual.Sendo um indicador do progresso do yogui, não são necessáriamente sinónonimo de progresso na senda espiritual; Vide a vida do grande santo tibetano Milarepa que para vingar a sua mãe utilizou esses poderes contra a sua família e aldeia,ou mesmo de Ravana,o asura (demónio) do épico Indiano "Ramayana".
Brevemente editarei o próximo,e último, capítulo dos sutras,até lá boas leituras e melhores práticas.
            
                                                             OM TAT SAT