Ahimsa (não violência)
"Ahimsasapratisthayam tatsannidhau vairatyagah"(quando se está firmemente estabelecido no principio da não violência,ahimsa,todos os seres á nossa volta deixam de sentir hostilidade) "yogasutras,capitulo II,versiculo 35".
Ahimsa é o primeiro yama (yamas e nyamas são condutas morais de ética e auto superação),que Patanjali prescreve nos Sutras do yoga."
É uma das principais virtudes da cultura hindú,sendo transversal a todas as escolas filosóficas indianas.Alías ahimsa premeia,de uma ou outra forma,todas as grandes religiões do Mundo.
Gandhi,Mahavira,Buda,Jesus Cristo,assim como tantos outros personagens conhecidos ou anónimos,pregaram e viveram de acordo com este princípio de amor incondicional.
Talvez Gandhi seja o exemplo mais documentado do poder que têm ahimsa.
Na voz de Churchill,um faquir meio nú enfrenta e derrota, todo o imperialismo Británico.O que Winston C. não precebeu é que todo o imperialismo Británico não estava a enfrentar um faquir meio nú,estava sim a ser envolvido pela força mais poderosa do cosmos,a não violência,o amor incondicional,da qual Gandhi era simplesmente um canal.
Mas novamente a humanidade esqueçeu a lição,fizeram-se uns selos de Gandhi,e arrumou-se na gaveta das "personagens históricas do milénio"ou em qualquer um desses compartimentos que nós humanos utilizamos quando é mais fácil esquecer do que realizar.
E,aqui estamos novamente,mais agressivos,desorientados,escravizados por todo um sistema que incentiva desde a escola primária a competição desenfreada, o que se traduz por agressividade desmedida para com tudo e todos á nossa volta.
A todo o instante,na sociedade que criámos,que escolhemos para viver,somos bombardeados por violência,seja ela visual,sonora,auditiva,táctil ou olfactiva,e, se os sentidos são o alimento da mente,evidentemente o nosso modo de estar na e perante a vida, é violento.
Ahimsa,a cultura da paz, é a pequena solução para um grande problema.
A velha máxima "para grandes problemas,grandes soluções" é equivalente,neste sentido,ao famoso "olho por olho,dente por dente";máxima elegantemente comentada por Gandhi,através de uma das suas mais célebres frases"olho por olho conduz o Mundo á cegueira",que o tempo/história se encarregou de credibilizar,caso contrário não estariamos onde estamos,a escrever este tipo de artigos.
Estes não são tempos de grandes elaborações,são tempos de síntese,de soluções simples,eficazmente comprovadas pelo tempo/história.
Estamos a assistir a uma crise de valores,de falta de espiritualidade por um lado,e ao nascimento da verdadeira espiritualidade,por outro lado.Já não é o famosa frase popularizada pelo movimento hippie no passado "let us give a chance to peace"que transporta a essência da mudança,chegamos a um ponto que terá de ser "let peace give a chance to us".É a hora,o local e o tempo de o homem histórico entrar no futuro, através da síntese da experiência do passado,deixando ficar na velha terra o que não mais têm utilidade.
Isto faz-se no presente,com lucidez,com simplicidade e sem violência.
Ahimsa é um conceito tão simples de aplicar na nossa vida diária, mas que traz transformações tão radicais, que chega a ser desconcertante.
Desconcertante pela sua simplicidade,no entanto requer grandes resoluções de nossa parte.Fortes medidas têm de ser tomadas; a motivação correta,objectivo e objectividade,determinação e uma visão alargada (côsmica) do ser e do mundo,são as fundações para que a não-violência se estabeleça correctamente .Ou seja é necessário formular toda uma metodologia de auto-transformação,para que este simples conceito se estabeleça na nossa vida, e consequentemente em nosso redor.
A partir do momento que ahimsa esteja devidamente implantada no teu ser vai-se desmultiplicando virulosamente ao teu redor,pelo ambiente,pelas pessoas que te rodeiam,e o círculo vai alargando,inclusivé rectroativamente,pois colhemos aquilo que plantamos,quer a nivél individual quer a nível social,ambiental etc.
Satish Kumar,um indiano radicado na Inglaterra é conhecido de muitas formas,mas define-se antes de tudo mais como um peregrino do Mundo,um ativista do amor,da não violência.
Ahimsa é um dos valores fundamentais das ordens monasticas jainas,um dos darshans(pontos de vista)do hinduismo heterodoxo,nas quais Satish foi monge.
É dele o texto abaixo,que optei por não traduzir no sentido de não se perderem as sutis nuances da língua, que invariavelmente uma tradução compromete.
Mahavir said that nonviolence must begin in the mind. Unless the mind is compassionate, nonviolence is not possible. Unless one is at ease in the inner world, one cannot practise nonviolence in the external world. If the mind is condemning other people yet the tongue speaks sweet words, then that is not nonviolence. The seeds of nonviolence live within the inner consciousness. Keeping consciousness pure is therefore an essential part of Jain nonviolence. Pure consciousness means consciousness that is uncorrupted, uncontaminated and undiluted with the desire to control others.
Why are we violent? Jains would answer that it is because people wish to control others. People say: “We own everything here. This world is for our benefit.” Those who eat meat say: “Animals and fish are there for our food.” Everything is for us and we are the masters of nature. This is the violence of the mind, which leads to physical violence.
Mahavir saw the world as a sacred place. The birds, the flowers, the butterflies and the trees are sacred; rivers, soil and oceans are sacred. Life as a whole is sacred. All our interactions with other people and with the natural world must be based on this sacred trust, on deep reverence for all life. Nonviolence of the mind should be translated into nonviolence of speech.
Harmful, harsh, untrue, unnecessary, unpleasant and offensive speech is violence. Skilful use of language is a sacred skill. Mahavir insisted that we must understand others fully before we speak. Language can express only partial truth; therefore nonviolence is an essential guide to our spoken words. In this context Mahavir put a very high value on silence. A Jain monk is called muni, which means ’the silent one’.
Nonviolence of mind and speech leads to the nonviolence of action. Ends cannot justify means. Means must be compatible with ends. Therefore, all human actions must be friendly, compassionate and unaggressive. Do no harm. No ifs and no buts. No compromise. Mahavir’s nonviolence is unconditional love to all beings.
Thus nonviolence is the paramount principle of the Jains. All other principles stem from nonviolence. Nonviolence is first and last. Because all life is sacred we may not violate or take advantage of those life forms which may be weaker than ourselves. Ahimsa is much more than “Live and let live”: it is “Live and love.”
OM TAT SAT
Não sou praticante de yoga,mas sou praticante da paz,da avidez do conhecimento pelo Ser em toda a sua plenitude e em união do corpo e da alma por toda a Humanidade.Conheço pessoas que praticam yoga,e quando falam da sua prática,as suas palavras transmitem uma enorme e profunda empatia pela paz interior,libertaçao,sabedoria e auto-conhecimento de si próprio e dos outros,que a mesma lhes transmite. "´´É uma sensação maravilhosa de bem estar comigo e acima de tudo com os outros!-dizem". Encontrei este teu blogue por acaso,( ou não...)Obrigado pelas inúmeras e sábias informações nelas contidas e pela humildade,gentileza e generosidade em as partilhares connosco! HOM TAT SAT
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