Sunday, February 12, 2012
O NEGÓCIO DO YOGA
Entender o dinheiro como matéria divina,como Prakriti,é um processo complicado na evolução da consciência,requer muito tempo de estudo e fundamentalmente de prática.
Penso que o mais puro dos Ashrams que encontremos hoje em dia têm de lidar com esta matéria de uma forma ou outra.
Ramakrishna fez voto de não pegar em dinheiro e de tal forma estava decidido que mesmo a dormir se dinheiro lhe toca-se na mão,esta imediatamente fechava-se,como reflexo condicionado.
É no meu entender um ponto de vista curioso pois Ramakrishna foi um mestre que segundo a história e ele próprio,deve a sua iluminação á mãe Divina,prakriti.
Toda a sua devoção canalizada para essa Mãe Divina fez dele um Mestre Tântrico,agora segundo o tantra tudo é sacralizado,dinheiro inclusivé.
Dirigindo um Ashram o dinheiro têm um papel a cumprir e se tu te recusas a lidar com ele alguém terá de o fazer por ti,é no mínimo egoísta colocares-te num pedestal onde te recusas a executar determinadas tarefas,situação que não acontece com seres plenamente realizados como foi swami Sivananda,em seu Ashram as questões monetárias eram tratadas por si e seus chelas com a devoção e apego que se espera de um Karma yoguin,isto num Ashram de linhagem,imagine-se,vedântica onde a matéria é desprezada.
Mas e os comuns mortais como lidam com esta questão?
Ávidamente.
Desde que o yoga transmigrou do seu país de origem que têm vindo,gradualmente,a encher o olho a muita gente pelos lucros associados á sua prática,o que não quer dizer que no próprio âmago onde surgiu isto não se passe,alías muito pelo contrário,fala-se á boca cheia,pratica-se e exporta-se na e da Índia algo que é definido pelos próprios Indianos como:"yoga fabricado para estrangeiros".
Mas empobrecida que está a população Indiana,qui ça pela religião,o Ocidente tornou-se uma mina de ouro para o negócio do yoga.
Desde os carismáticos Gurus Indianos que vieram enriquecer para o Ocidente,começando nas Américas e progredindo para o continente Europeu,ás grandes corporações,aos médios empresários e aos pequenos "grandes" oportunistas,toda gente quer tirar um quinhão do filão de ouro que dá pelo nome "yoga".
Uma disciplina Íniciática que têm como uma das suas bases de sustentação o desapego,vairagya,é estripada pelos publicitáros de marketing exatamente no outro pilar em que se sustenta, abhyasa,a prática diligente e regular.
E para praticares afincadamente,escolas,academias,dia nacional,estadual,municipal,mundial do yoga e as guerras que daqui arranjam justificação para eclodir,mats (tapetes) xpto para estilo Sivananda,para Ashtanga,tapetes ecolôgicos para os ambientalistas,Escolas,associações ou qualquer um que se lembre de elaborar a ritmo de fábrica,cursos de professor de yoga,onde em 200 horas ficas habilitado a ensinar uma discilpina íniciática,que por suas técnicas mexe directamente com o teu corpo e saúde,não levando em conta (por quem têm responsabilidade nesse sentido tanto pelo entendimento que têm do assunto em questão como pelos juramentos iniciáticos a que se sujeitaram) a quantidade de gente que sem a preparação adequada,habilitam a leccionar.
São cegos a guiar cegos.Seres que depositam o seu corpo,esperança e confiança nas mãos de bem intencionados mas inadequado professores,servindo muitas das vezes de cobaias para complexas técnicas yogues que não se aprendem ou dominam em escassas horas.
E a lista continua,yoga da nudez,yoga para cães,gatos,mantas com o simbolo OM,blocos,nétis,japa malas,livros que não acabam e que não acrescentam nada de novo a não ser um novo nome no mercado (ego ou bens materiais são o que justifica isto,ou ambos) e dinheirinho na carteira,caindo de novo no paradoxo "escrever sobre algo que não entendi porque senão não estava a escrever",etc,etc,a continuação desta lista revelaria-se comprida.
Nesta guerra financeira vale tudo e utiliza-se tudo á disposição,como a internet,o facebook onde se publicitam mais cursos semanais de formação de professores e aprendizado de técnicas executadas á pressão,onde os fins (econômicos) justificam os meios,onde textos com o nome de yoga que apelam seja lá ao que for que passou na cabeça da pessoa que os escreveu,retirados de contexo,servem para justificar intenções obscuras de professores/empresários de artigos de yoga (álem do preço do curso uma vez lá és sutilmente induzido a comprar o restante material),material de yoga vendido ao dobro do preço de custo em nome do desapego,sites e páginas na web onde a verdade que não seja a verdade econômica é sempre mal vinda.
E que dizer daqueles que induzem estados alterados de consciência por meios dúbios (cuidado com o que bebe ou come) para enaltecer o que ensinam,visando a vinda de mais alunos e consequentemente mais dinheiro?
E do yoga,um caminho essencialmente solitário, em dupla?O que isto serve senão o materialismo?
E o registo de propriedade de Asanas,estilos e métodos?Será que o professor,assim como os alunos que frequentam,têm ídeia do que seja yoga? É que se tiverem idéia a situação é ainda mais crítica.
A prática de yoga requer em primeiro lugar um estudo de livros sérios para sabermos porquê e o quê estamos a fazer,nada melhor para este efeito que as escrituras originais que nos chegaram dos mestres e que facilmente se encontram na internet com download a custo zero,um simples tapete que facilmente encontramos em nossa casa e um pouco de espaço.
Mais que isto requer um discernimento cuidadoso sobre com quem vou aprender,o que vou aprender,os motivos,se o tipo de vida de com quem vou aprender condiz com o que ensina,e uma boa dose de intuição.
Mesmo que tudo isto falhe se mais tarde sentir que não estou a aprender está na hora de me retirar.
O dinheiro é sagrado,assim como tudo,as intenções que subjazem as acções é que têm de ser analizadas e evitadas,se for o caso.
Uma cadeira colocada num canto da sala proporciona podermo-nos sentar e descansar,a mesma cadeira colocada na frente da porta impede a entrada ou saida.
Não têm a ver com a cadeira mas com a intenção,com que e onde,foi colocada.
Boa sessão cinematogrâfica.
OM TAT SAT
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