Ãngela têm paixão pelo que ensina,o que é visivél pela forma como o faz,mas a sua paixão maior é pela vida e pelas pessoas.Não resisti a pedir-lhe que me concede-se uma entrevista,o que concordou de imediato.Delicie-se.
Pergunta-Quem é Ãngela Maria Jácomo Martinez?
Resposta-Essa é a pergunta.Eu procuro fazer a minha parte.Estou sempre a fazer essa pergunta em tudo,até nos asanas.Essa pergunta não pára.Através do yoga aprendi a entrar em contacto comigo mesmo,antes do yoga era uma pessoa,agora sou outra,mais consciente.
Desde que entrei na Narayana encontrei gente muito boa que me têm ajudado nessa caminhada,que me ensinaram a ver o que não conhecia.
É a eterna busca mas o yoga trás-me para mais perto do meu dharma.Se estou feliz ou pelo contrário,pergunto-me o pôrque de estar naquela condição e trabalho o meu ego.
A minha mãe deu-me uma educação muito ética,então desde sempre tive muito respeito pelas pessoas.Gosto de pessoas;Tudo o que aprendo é para compartilhar com elas.
Minha vida sempre foi muito simples,tudo o que tinha era o suficiente.Então é dessa forma que entendo a vida,simples,e é essa simplicidade que busco em tudo,nas coisas, nos relacionamentos...
Tenho uma certa tendência para o Bhakti,para a magia,para mim a vida têm de ser desta forma,alegre.
Pergunta-Como tomou contacto com o yoga?
Resposta-O primeiro contacto foi na gravidez.Ouvi falar no parto de côcoras e fui atrás.Queria uma alternativa homeopática.Um dia fui ao cabeleireiro e alguém lá apresentou-me a médica que fazia esses partos completamente ao natural.Foi uma daquelas coincidências que te levam a questionar se estas existem...Foi tudo completamente natural,sem anestesia,banho de eucalipto,o bébé não levou a palmada,dormiu logo comigo,não foram administrados remédios,e foi o meu marido que cortou o cordão umbilical.A médica que me fez o parto era praticante de yoga e através dela comecei a praticar.
A minha segunda filha nasceu dentro de um pronto-socorro homeopático.No segundo dia já estavamos em casa,também foi ao natural,não tomei nada.
Então o meu contacto com o yoga deu-se aos 23 anos mas só recomecei a prática mais tarde aos 33 anos,quando começei a trabalhar em acunpultura.
Pergunta-Dentro dos Darshans (escolas,pontos de vista filosôficos) do yoga,ou fora deles,com que linha se identifica mais?
Resposta-Olha eu sou muito raja,gosto da filosofia.O hatha yoga é importante,é mais fácil no sentido de ser mais palpável,estás ali a trabalhar com o corpo,diferente do trabalho com a mente.A flexibilidade têm de ser externa e interna.
Eu tenho fé.A minha formação é catôlica,não posso negar as minhas raízes.As divindades do yoga são suportes que utilizamos,e que o catolicismo também nos dá.O yoga fez-me ampliar essa concepção de haver lugar para tudo e para todos.Eu não imponho nada a ninguém,se me perguntarem o significado de Shiva ou Ganesha eu explico mas não imponho.Acredito no exemplo.Se queres que alguém mude muda tu primeiro.
Peço clareza para continuar a ser orientada,inspirei-me no rei salomão para pedir sabedoria.Quando era pequena queria ser santa,fazer milagres,queria encontrar velhinhos sábios na rua mais tarde quis ser missionária, enfim queria agradar a Deus.Com o yoga aprendi que está tudo bem.Não tenho inquietação,estou tranquila,o yoga trouxe-me isso.
Pergunta-Têm algum conhecimento sobre o ensino do yoga em Portugal?
Resposta-Não.Só aqui na A.L.B.A.(associação luso-brasileira ayurveda).
Pergunta-O yoga cresceu muito e depressa no Brasil.Em Portugal grande parte dos cursos de formação,muitos satsangas e até uma Universidade de yoga têm cunho Brasileiro.Como vê isso?
Resposta-Vejo de forma natural.O Brasil dâ uma certa abertura,talvez até pelo clima tropical que induz a alegria com pouco.Isso faz com que o povo busque esse auto-conhecimento.O brasileiro interagiu em busca disso , e até pelo espírito aventureiro é natural que se expanda.O Brasil pegou um pouco de vários Países na sua formação, e agora é como que um retornar as origens.
Pergunta-Quais,a seu ver,as diferenças maiores entre o yoga que se pratica na Índia e fora dela?
Resposta-Acredito que em relação á Narayana não existam diferenças.A prática é essencial na minha forma de ver pois é a única maneira de assimilar como real aquilo que se vê ou se estuda.A directora da Narayana têm esse compromisso com o ensino autêntico do yoga.Já foi 44 vezes á Índia.
Pergunta-Identifica o que se diz em certos ambientes indianos sobre "yoga criado para estrangeiros"?
Resposta-Não acho que seja assim.Cada ser têm necessidades diferentes,e aproxima-se daquilo que precisa.
Pergunta-O que a levou a leccionar?Qual a motivação para ensinar?
Resposta-Sempre gostei de brincar de escolinha;Adorava cadernos,lapís,canetas...Passava horas escrevendo,sempre me lembro de escrever diários.
Alimentava a minha irmã,mais velha do que eu,e aos outros irmãos, enquanto lhes contava histórinhas de livros que comprava propositadamente.
Comecei a fazer aulas de yoga numa academia,e um dia resolvi procurar uma escola para aprender,encontrei a escola Narayana e estou lá até hoje.(despertou o professor que havia em mim).
Iniciei o curso em 1992.Em fevereiro de 1997 comecei a dar aulas para adultos e em abril do mesmo ano fui convidada para dar aulas de yoga infantil.Fui levada ao colo.Ai precebi como é importante aprender e passar esse conhecimento.
O que me motiva é preceber que quando entro na sala de aula,eu esqueço a Ãngela,torno-me num canal,que peço que seja um canal consciente,amoroso,um canal de bem.
Vou para as aulas com alegria e procuro fazer sempre o meu melhor.
Fazer o que gosto é a minha motivação.
Pergunta-Qual é a importância do yoga infantil?
Resposta-É fazer com que a criança viva como uma criança,tornando-se um adolescente equilibrado,aceitando as suas próprias diferenças e vindo a ser um adulto auto-realizado,auto-suficiente,saudável e feliz.
Ensinar a criança a ouvir ,respirar,e depois agir,baseado na verdade, na confiança,despertando o amor e o respeito por todos os seres.
Pergunta-Qual a importância do yoga para idosos?
Resposta-Preceber que o idoso não é uma criança,é um ser com algumas limitações mas com experiência.É oferecer a oportunidade de trabalhar o corpo e a mente.Aproveitar o tempo com sabedoria ,buscando através desse encontro com a fonte interna,poder oferecer todo o conhecimento adquirido com os anos.
Pergunta-É uma contadora nata de histórias.Têm preferência por ensinar alguma faixa etária?
Resposta-Não.Cada idade,dos 2 aos 100,traz uma riqueza e um encantamento próprios.
OM TAT SAT
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