A sua leitura e o trazer esses ensinamentos da teoria á prática,exercem sobre nós um enorme poder transformador.
Entendermos os mecanismos da nossa mente leva-nos a uma compreensão sobre nossa condição, temporáriamente humana, que se traduz num diferente olhar perante tudo o que nos rodeia,um olhar que parte do coração.
Os yoga sutras são o guia que,passo a passo,nos conduz á realização de ser o Ser que já somos em níveis internos e á sua plena e integral vivência na vida prática do dia-a-dia.
Os sutras são frases onde se concentra uma grande quantidade de informação e sabedoria,elaboradas de forma sequencial no sentido de facilitar a memorização do corpo doutrinário que compõe a obra.
Os sutras do yoga não foram criados ou inventados por Patanjali,este somente lhes deu forma e estrutura, através de uma codificação.
A composição dos sutras têm como matéria-prima toda a sabedoria que vinha sendo delineada pelas Upanishads,pela Bhagavad-Gita, e que á muito vinha sendo praticada na Índia,mas que a partir dos sutras e sua codificação passa ao status de doutrina,de darshan.
Agora,se um sutra é uma síntese de sabedoria,o que dizer de um resumo dos sutras?
Pois foi isso mesmo que encontrei na net,feito e pensado para quem não têm tempo,ou está pouco familiarizado com a terminologia yogue.
Também encontrei uma tradução integral dos sutras.
Então,pela suma importância da obra em questão, resolvi publicar a obra e a síntese da obra para que possa ela chegar ao maior número possível de pessoas,independentemente de seus conhecimentos ou tempo,serem mais ou menos escassos.
Uma sugestão para um estudo mais completo é a de se ler primeiro o resumo, de forma a se formar uma idéia geral e posteriormente se proceder ao estudo da obra em si,tendo sempre em mente o que é um sutra,da imensa informação e sabedoria que cada uma destas frases,ou mesmo cada palavra,traz imbuida.
A apresentação da obra vai ser dividida em quatro posts,começando com o resumo e o primeiro capítulo, para posteriormente os restantes três capítulos serem gradualmente publicados.
Decidi-me pela postagem gradual dos capítulos para que possa o amigo leitor, dessa forma, ir digerindo a obra aos poucos, reflectindo vagarosamente sobre cada capítulo,e preparando caminho para o seguinte.
Que possa esta obra ser tão útil, para todos os que tomarem contacto com ela e com sua sabedoria transcendente, como têm sido para mim, são os meus votos.
OM TAT SAT
.
Os Sutras do Yoga são um texto apenas 196 frases, escritas em língua sânscrita, distribuídas em quatro capítulos, que resumem a essência doutrinária do yoga.
Primeiro Capítulo
Introduz o conceito de "samadhi", que é a condição mental recomendada para quem deseja realizar o yoga. O yoga é definido como o recolhimento das atividades mentais de modo que o eu possa se manifestar em sua "natureza autêntica" ("svarupam"). As duas condições essenciais para o yoga são disciplina e desapego - sem as quais não se obtém resultado. Para que o praticante possa aferir se está na condição do samadhi ou mesmo próximo dela, o autor sugere que se observe uma condição mental, chamada "samprajñata", que surge sempre que atinge o samadhi. Esse indicador de sucesso é descrito de várias maneiras, inclusive como resultado da entrega a "Ishvara" (entendido como Deus na forma do "eu" dentro de nós). O autor informa que a realização do Ishvara coloca a mente em condições adequadas para o yoga e elimina os obstáculos, e em seguida descreve o processo de tranquilização da mente, que pode ser cultivado gradativamente até que se alcance o samadhi - ele chama isso de "samadhi com semente". Mas ele também informa que se pode obter esse estado instantaneamente, com a prática, o que ele chama de "samadhi sem semente". Então a mente fica perfeitamente focada e apta para o yoga.
Segundo Capítulo
Apresenta o método proposto para a prática do yoga, distribuido em oito categorias de atividades, e que ficou conhecido como "ashtanga yoga" (o yoga de oito partes). Inicialmente o autor destaca que a realização do yoga se resume a três componentes básicos, que são o "tapas" (austeridade), o conhecimento de si mesmo e a entrega ao Ishvara (o Deus interno). Esses componentes produzem o samadhi e minimizam as perturbações mentais (ignorância, egoidade, desejo, aversão e apego à vida) e mantendo a mente focada (dhyana) se destrói a ação dessas perturbações. A seguir o autor desenvolve a idéia de que tudo o que existe é apenas o produto de nossa mente, e que o que percebemos é apenas o produto de nossas convicções. Se percebemos a presença de nosso próprio "eu" no mundo à nossa volta, entendemos que aquilo que dá sentido ao mundo é o "si mesmo" que está dentro de nós. Assim o sentimento que separa o "eu" do "outro" se dissipa, e também desaparece o vínculo que une o percebedor com a coisa percebida, pois ambos são iguais. E isso é o kaivalyam. Depois dessa explicação, Patañjali prossegue descrevendo os componentes de seu método: "yama", orientações para a relação com os outros; "niyama", orientação para a relação consigo mesmo; "asana", o assentamento do corpo; "pranayama", o controle sobre a vitalidade; "pratyahara", o recolhimento dos sentidos corporais; "dharana", a concentração; "dhyana", a estabilidade na concentração; e "samadhi", que é o mergulho no si mesmo, tratado no capítulo anterior.
Terceiro Capítulo
Descreve os resultados da prática da meditação ("samyama") aplicada a diversos objetos ou idéias. Samyama é a combinação de dharana, dhyana e samadhi. Essa meditação produz transformções na mente ("cittam"), ou seja, na nossa maneira de observar o mundo. Os resultados da meditação são descritos como conhecimentos ou capacidades especiais. A percepção desses resultados, em estado de samadhi, equivale à vivência real de seu significado, de modo que o praticante do yoga passa a ser visto como alguém dotado de "poderes mágicos". Cerca de trinta desses "poderes", entre conhecimentos e habilidades, são enunciados por Patañjali neste capítulo.
Quarto Capítulo
Descreve a meta desejada pelo yoga, que é chamada "kaivalyam", uma condição na qual ocorre a perfeita integração entre o praticante e o universo ao seu redor, na qual ambos se tornam um só. Para chegar ao kaivalyam, o autor desenvolve os conceitos já apresentados nos três capítulos anteriores sobre a identidade entre o "eu" e o "objeto", mas aborda o assunto pela perspectiva do processo mental de cognição. Os resultados enunciados no capítulo 3 correspondem a transformações de cittam (que é a mente enquanto instrumento de percepção). Agora ele deixa claro que embora a mente pareça se multiplicar em razão das diversas transformações pelas quais ela passa, apenas uma única forma de cittam é aquela capaz de realizar o yoga (interrompendo o impulso das atividades mentais). Essa forma (que foi chamada de "svarupam" no capítulo 1) é onde se localiza a mente verdadeira. Essa mente não está limitada à série dos pensamentos, nem é afetada pelo tempo, e é indiferente às mudanças, pois não se subordina às qualidades da matéria. Essa mente jamais se divide, nem também se expressa, pois é pura percepção. Buscando nas percepções apenas aquilo que é distintivo, e não o que é genérico, e ficando atento para que a mente não seja novamente arrastada pelas perturbações tratadas no capítulo 2, o yogi alcança uma percepção tão completa que nada mais resta para ser percebido. As transformações se encerram e o tempo deixa de existir, pois todos os momentos se integram em um só. Nesse estado o yogi deixa de ser um indivíduo e se torna a pura percepção desvinculada de qualquer estrutura. Esse é o Kaivalyam, "o isolamento", onde tudo o que existe já faz parte do "eu" e nada mais existe para ser conhecido.
Essa obra se tornou a referência básica do yoga em qualquer escola, interpretação ou linhagem que tenha surgido depois de sua composição.
Fonte-shvoong--Carlos Eduardo Barbosa(editor do site yogaforum.org)
Samadhi Pada
ATHA YOGANUSASANAM.
1. Agora iniciamos a exposição do Yoga.
YOGASCITTA VRTTI NIRODHAH
YOGASCITTA VRTTI NIRODHAH
2. Yoga é a restrição das modificações da mente.
TADA DRASHTUH SVA-RUPE'VASTHANAM
3. Então o Observador permanece nele mesmo.
VRTTI-SARUPYAM ITARATRA
4. Em outros momentos, o Observador parece assumir a forma da modificação mental.
VRTTAYAH PANCHATAYAH KLISHTAKLISHTAH
5. Elas (as modificações) Têm cinco variedades, das quais algumas são 'Klista' e o resto
'Aklista'.
PRAMANA-VIPARYAYA-VIKALPA-NIDRA-SMRTAYAH
6. (São elas) Pramana, Viparyaya, Vikalpa, sono (sem sonhos) e recordação.
PRATYAKSHANUMANAGAMAH PRAMANANI
7. (Destas) Percepção, inferência e testemunho (comunicação verbal) constituem as Pramanas.
VIPARYAYO MITHYA-JNANAM A-TAD-RUPA-PRATISHTHAM
8. Viparyaya ou ilusão é o conhecimento falso formado a partir de um objeto como se ele fosse outro.
SHABDA-JNANAUPATI VASTU-SHUNYO VIKALPAH
9. A modificação chamada 'Vikalpa' é baseada na cognição verbal, com relação a uma coisa que não existe. (É um tipo de conhecimento útil que advém do significado da palavra mas que não tem uma realidade correspondente).
ABHAVA-PRATYAYA-ALAMBANA VRTTIR NIDRA
10. Sono sem sonho é a modificação mental produzida pela condição de inércia como o estado de vacuidade ou negação (do despertar e do adormecer).
ANUBHUTA-VISHAYASAMPRAMOSHAH SMRTI
11. Recordação é a modificação mental causada pela reprodução da impressão prévia de um objeto, sem adicionar nada de outras fontes.
ABHYASA-VAIRAGYABHYAM TAN-NIRODHAH
12. Pela prática e o desapego isso pode ser restringido.
TATRA STHITAU YATNO'BHYASAH
13. O esforço para adquirir Sthiti ou um estado tranquilo da mente, desprovido de flutuações, é chamado prática.
SA TU DIRGHA-KALA-NAIRANTARYA-SATKARASEVITO DRDHA-BHUMIH
14. Esta prática, quando continuada por um longo tempo, sem interrupção e com devoção,torna-se firme em seus fundamentos.
DRSTA-ANUSRAVIKA-VISAYA-VITRSNASYA VASIKARA-SAMJNA VAIRAGYAM
15. Quando a mente perde todos os desejos por objetos vistos ou descritos nas escrituras,ela adquire um estado de absoluto não desejo que é chamado desapego.
TAT PARAM PURUSA-KHYATER GUNA-VAITRSNYAM
16. Indiferênça para com as Gunas, ou princípios constituintes, alcançada através do conhecimento da natureza de Purusha, é chamado Paravaiaragya (desapego supremo).
VITARKA-VICARA-ANANDA-ASMITA-RUPANUGAMAT SAMPRAJNATAH
17. Quando a concentração é conseguida com a ajuda de Vitarka, Vichara, Ananda e Asmita, é chamada Samprajnata-samadhi.
VIRAMA-PRATYAYABHYASA-PURVAH SAMSKARA-SESO'NYAH
18. Asamprajnata-samadhi é o outro tipo de Samadhi que surge com a prática constante de Para-vairagya, que leva ao desaparecimento de todas as flutuações da mente, permanecendo apenas as impressões latentes.
BHAVA-PRATYAYO VIDEHA-PRAKRTI-LAYANAM
19. Enquanto no caso de Videhas ou dos desincarnados e de Prakrtilayas ou dos que subsistem em seus constituintes elementares, é causada por ignorância que resulta em existência objetiva.
SHRADDA-VIRYA-SMRTI-SAMADHI-PRAJNA-PURVAKA ITARESHAM
20. Outros (que seguem o caminho do esforço prescrito) adotam os meios da fé reverencial, energia, recordação repetida, concentração e conhecimento real (e assim alcançam Asamprajnata-samadhi).
TIVRA-SAMVEGANAM ASANNAH
21. Yoguis com intenso ardor alcançam concentração e seus resultados, rapidamente.
MRDU-MADHYADHIMATRATVAT TATO'PI VISESAH
22. De acordo com a aplicação do método, vagarosa, média ou rápida, mesmo entre os yoguis que têm intenso ardor, existem diferenças.
ISVARA-PRANIDHANAD VA
23. Através de devoção especial a Isvara também (concentração torna-se eminente)
KLESHA-KARMA-VIPAKASAYAIR APARA-MRSHTA PURUSA-VISESA ISVARAH
24. Isvara é um Purusha em particular, não afetado por aflição, ação, resultado das ações ou as impressões latentes que advém delas.
TATRA-NIR-ATISHAYAM SARVAJNA-BIJAM
25. Nele, a semente da onisciência alcançou seu desenvolvimento maior, não havendo nada mais a transcender.
PURVESHAM API GURUHKALENA ANAVACCHEDAT
26. (Ele é) O professor dos primeiros professores porque com Ele não existe limite de tempo (para sua onipotência).
TASYA VACHAKAH PRANAVAH
27. A palavra sagrada que o designa é Pranava ou a sílaba OM.
TAJ-JAPAS TAD-ARTHA-BHAVANAM
28. (Yoguis) a repetem e contemplam seu significado.
TATAH PRATYAK-CETANADHIGAMO'PY ANTARAYABHAVASH CA
29. Disso vem a realização do Ser individual e os obstáculos são resolvidos.
VYADHI-STYANA-SAMSAYA-PRAMADALASYA-VIRATI-BHRANTI-DARSANALABDHABHUMI-KATVANAVASTHITATVANICITTA-VIKSEPAS TE'NTARAYAH
30. Doença, incompetência, dúvida, desilusão, pregriça, não- abstinência, concepção errônea, não-alcance de qualquer estado yogui ou instabilidade para permanecer num estado yogui, estas distrações da mente são os impedimentos.
DUKHA-DAURMANASYANGAMEJAYATVA-SVASA-PRASVASA VIKSEPA-SAHABHUVAH
31. Tristeza, falta de entusiasmo, inquietação, inspiração e expiração advém de distrações prévias.
TAT-PRATISHEDHARTHAM EKA-TATTVABHYASAH
32. Para restringí-las (isto é, as distrações) prática (da concentração) em um princípio único, deve ser feita.
AITRI-KARUNA-MUDITOPEKSANAM SUKHA-DUKHA-PUNYAPUNYA-VISHAYANAM BHAVANATAS CITTA-PRASADANAM
33. A mente torna-se purificada pelo cultivo dos sentimentos de amizade, compaixão, boavontade e indiferença respectivamente a criaturas felizes, miseráveis, virtuosas ou pecaminosas.
PRACCHARDANA-VIDHARANABHYAM VA PRANASYA
34, Pela expiração e restrição da respiração também (a mente é acalmada).
VISHAYAVATI VA PRAVRTTIR UTPANNA MANASAH STHITI-NIBANDHANI
35. O desenvolvimento de percepção objetiva chamada Visayavati também traz tranquilidade mental.
VISOKA VA JYOTISMATI
36. Ou pela percepção que é livre de tristeza e é radiante (estabilidade mental também é produzida).
VITA-RAGA-VISAYAM VA CITTAM
37. Ou (contemplando) uma mente que é livre de desejos (a mente do devoto torna-se estável).
SVAPNA-NIDRA-JNANALABANAM VA
38. Ou tomando como objeto de meditação as imagens dos sonhos ou dos devaneios (a mente do yogui torna-se estável).
YATHABHIMATA-DHYANAD VA
39. Ou contemplando qualquer coisa que o indivíduo queira (a mente torna-se estável).
PARAMANU-PARAMA-MAHATTVANTO'SYA VASHIKARAH
40. Quando a mente desenvolve o poder de estabilizar-se nos objetos de menor tamanho, assim como nos maiores, então a mente está sobre controle.
KSINA-VRTTER ABHIJATASYE VA MANER GRAHITR-GRAHANA-GRAYESHU TAT-STHA-TAD-AN JANATA SAMAPATTIH
41. Quando as flutuações da mente são enfraquecidas, a mente aparenta tomar as formas do objeto da meditação - seja ele o que conhece (Grahita), o instrumento de cognição (Grahana) ou o objeto conhecido (Grahya) - como uma jóia transparente, e esta identificação é chamada Samapatti ou absorção.
TATRA SHABDARTHA-JNANA-VIKALPAIH SANKIRNA SA-VITARKA SAMAPATTIH
42. A absorção na qual existe confusão entre a palavra, seu significado (isto é, o objeto) e seu conhecimento, é conhecida como Savitarka Samapatti.
SMRTI-PARISHUDDHAU SVARUPA-SUNYE VA ARTHA-MATRA-NIRBHASA NIR-VITARKA
43. Quando a memória é purificada, a mente parece estar desprovida de sua própria natureza (isto é, da consciência reflectiva) e somente o objeto (o qual está contemplando) permanece iluminado. Este tipo de abs orção é chamada Nirvitarka Samapatti.
ETAYAIVA SAVICARA NIRVICARA CA SUKSMA-VISAYA VYAKHYATA
44. Através disso (o que foi dito) as absorções Savichara e Nirvichara, cujos objetos são sutis, são também explicadas.
UKSMA-VISAYATVAM CA ALINGA-PARYAVASANAM
45. Sutileza pertencente aos objetos, culmina em A-linga ou o imanifesto.
TA EVA SA-BIJAH SAMADHIH
46. Estes são os únicos tipos de concentração objetiva.
NIRVICARA-VAISHARADYE'DHYATMA-PRASADAH
47. Ganhando proficiência em Nirvichara, pureza nos intrumentos internos de cognição é desenvolvida.
RTAMBHARA TATRA PRAJNA
48. O conhecimento ganho neste estado é chamado Rtambhara (preenchido de verdade).
SHRUTANUMANA-PRAJNABHYAM ANYA-VISHAYA VISESA-ARTHATVAT
49 (Este conhecimento) é diferente daquele derivado do testimunho ou da inferência, porque relaciona-se a particularidades (dos objetos).
TAJ-JAH SAMSKARO'NYA-SAMSKARA-PRATIBANDHI
50. A impressão latente nascida de tal conhecimento é oposta à formação de outras impressões latentes.
TASYAPI NIRODHE SARVA-NIRODHAN NIR-BIJAH SAMADHIH
No comments:
Post a Comment